Há muito, muito tempo, nos
primórdios do blog, escrevi sobre sustentabilidade e a geração Y, que hoje é
mais conhecida como geração
millennial. Sinceramente, nem revisitei esse texto e não pretendo.
Não pretendo porque há mais de 10 anos ainda não se sabia muito bem o que essa
geração representava para a sustentabilidade. Hoje está melhor desenhado e
acredito que possa ter uma melhor opinião sobre o tema.
É claro que tudo que eu vier a
falar aqui não tem embasamento científico ou metodológico algum. É muito mais minha
percepção do que qualquer outra coisa. Ainda assim, se alguém discordar de algo
ou souber de alguma pesquisa que aponte o contrário, é só me avisar que terei o
maior prazer em permitir o contraponto.
Pois bem, de 2009 para cá, o que
ficou muito evidente é que os millennials (geração que me incluo) estão
muito mais abertos à sustentabilidade que as gerações anteriores. De forma
generalizada, eles (nós) gostam da causa e procuram ter um comportamento muito
mais responsável que seus pais, por exemplo. E eu acho isso bem bacana.
O grande problema, (me tirando
bem fora dessa, óbvio) é que os millennials são uma geração um tanto
quanto superficial, que se deslumbra fácil e aceita as coisas sem muito
questionamento. É aí que mora o perigo. Hoje em dia vejo muitas pessoas falando
sobre sustentabilidade, minimalismo, veganismo, greve do clima, copo do menos 1
lixo, canudo de metal etc etc etc. Só que a percepção que tenho é de que é tudo
muito intensamente raso.
Porque o millennial é
intenso, ah, como é. Ele é um apaixonado. Não sei se por causas ou apaixonado por
estar apaixonado. Mas ele também aceita tudo muito passivamente e corre o risco
de ser manipulado pelo old marketing que resiste como nunca. Vamos a um exemplo
bobo. Porque as pessoas passaram 2019 INTEIRO falando que o canudo de plástico
era o grande vilão da sustentabilidade. O que o millennial fez?
Além de demonizar o tal do
canudo, criou um mercado para canudos alternativos, desde, é claro, que sejam
bem instagramáveis. Porque se não render uma boa foto nas redes sociais, o
ativismo não vale nada, né? Mas questionar se realmente precisa de canudo,
ninguém faz. O bagulho é tão louco, que eu vi gente pagando de sustentável tirando
foto com um canudo reutilizável dentro de um copo plástico. Oi?
Outro exemplo: copo Menos 1 Lixo.
Não vou entrar no mérito da composição do produto, que, sim, não é nada
sustentável, mas falarei de algo muito mais simples: o preço. Fazendo busca
hoje, no dia em que estou escrevendo este texto, 05/01/20, até encontrei nas
Americanas por 37,99. Surpreendentemente ele está barato, já que o preço médio
bate na cada dos 50 reais. CINQUENTA REAIS. Num copo.
Então eu pergunto: você tem um
copo Menos 1 Lixo porque você realmente está preocupado em não usar sei lá
quantos copos descartáveis por dia ou porque é descolado tirar da bolsa um copo
de silicone retrátil? Porque se você só estiver preocupado em não utilizar sei
lá quantos copos descartáveis por dia, tem várias alternativas mais baratas e
até mais sustentáveis. Mas que não são instagramáveis e nem te dá aceitação
social no grupo.
A questão é, minha odiada e amada
geração, bom senso e análise crítica são pré-requisitos básicos para um
comportamento sustentável. Porque sem eles, a chance de ser manipulado pelo
velho e resistente modelo de comunicação, persuasão e consumo é altíssima. A
única coisa que vai mudar em relação às gerações anteriores é que agora
estaremos comprando produtos sustentáveis. E tão desnecessários quanto qualquer
outro.