Sustentabilidade corporativa para
ser sustentabilidade de verdade, deve ser uma área cross. Ou seja, ela deve estar presente em tudo e ser um fator de
integração na empresa. Eu, particularmente, sou da filosofia de que a área nem
deveria existir, mas sim ser uma competência de todos os profissionais e uma
etapa presente na operação de todas as áreas. Ok, utopia, mas continuo com o
mantra de que trabalho para acabar com o meu emprego. Empresas fodas deveriam
pensar assim. Um dia, no futuro, uma vai pensar e o resto vai seguir o fluxo.
Porque é assim que funciona. Precisa um louco ousar para o business
as usual adotar a prática.
Mas voltando à realidade de que
hoje a área de sustentabilidade continua existindo e vai continuar assim por
muito e muito tempo, reforço a necessidade de atuação integrada com as demais
áreas. Não tem como ser diferente. Se a empresa não olha a sustentabilidade
pela perspectiva dos processos, ela está brincando de fazer sustentabilidade. Independente
da verba que ela dispõe anualmente, independente da quantidade de pessoas
envolvidas e do escopo dos projetos realizados.
Uma das parcerias mais
importantes para a área de sustentabilidade dentro de uma empresa é a que ela
vai estabelecer com recursos humanos. Isso acontece desde os fundamentos mais
básicos de ambas as áreas, até questões mais complexas. Por exemplo, ética, que
é básico do básico da sustentabilidade. Na maioria das empresas o código de
ética é desenvolvido pelo RH. Mas pergunto: quantos RHs se dispuseram a
trabalhar junto com a área de sustentabilidade ou consulta-la na hora de estabelecer
a ética e os valores corporativos?
Outra questão que agora está
super na moda: diversidade. A modinha fez um monte de empresa querer ter um
programa diversidade para chamar de seu e várias criaram uma área própria para
isso. Sério, não precisa chegar a tanto. Na minha opinião diversidade não é
área própria, mas escopo de RH. Só que não é dela sozinha. Porque diversidade também
é pauta básica da sustentabilidade. Então é mais um momento e uma excelente
oportunidade de as duas áreas juntarem seus trapinhos e, juntas, gerarem mais
valor para a empresa.
Mais outra: recrutamento e
seleção orientado para a sustentabilidade. Aqui não estou falando do perfil do
profissional de sustentabilidade, mas das competências básicas que todos os
funcionários, independente da área e do nível hierárquico, devem ter para
trabalhar na empresa. Esta é, certamente, a mais negligenciada, o que é uma
pena. Não me lembro de uma empresa que exija características de
sustentabilidade para contratar funcionários, apesar de já ter visto esboço
nesse sentido.
Trazer a sustentabilidade para o
momento de recrutamento e seleção é, sem dúvidas, a ação muito, muito, muito
impactante e a que mais pode se aproximar do ideal utópico de não precisar
existir a área no futuro. Mesmo sendo ousada e mesmo estando hoje apenas no
campo da teoria, ela é plenamente viável. Mas para ser possível é necessário o
trabalho em conjunto de sustentabilidade e recursos humanos no desenho dessa
estratégia.
Pensando pela outra perspectiva, a
de como o RH pode ajudar a sustentabilidade, vejo três oportunidades: primeiro é
no desenvolvimento da cultura da sustentabilidade. A sustentabilidade precisa
do RH no desenvolvimento de diretrizes, de posicionamento da empresa, no desenho
e na execução do plano de ação. Aí vem o segundo ato, que é o treinamento para a
sustentabilidade, seja para a própria área, seja para toda a empresa.
Treinamento não é e nem precisa
ser expertise de um profissional de sustentabilidade. Por isso, a forma mais
eficaz de alcançar bons resultados e gerar valor para a empresa é envolver
profissionais de recursos humanos que sejam responsáveis por esse processo. Porque
a gente tem o conteúdo, mas eles têm todos os paranauês.
Pausa para um suplico: EaD não,
por favor! Se você não quiser matar a capacitação em sustentabilidade, não faça
EaD. Um dia explico o porquê. Fim da pausa.
Por fim, como ato final dessa
sinfonia humanamente sustentável, trago a questão mais crítica que nós, profissionais
de sustentabilidade, nos deparamos e nosso desafio diário: engajamento interno.
Porque simplesmente não tem como falar de sustentabilidade corporativa se ela
não é um valor posto em prática pelos funcionários em sua rotina de trabalho. E
aí pergunto: quem pode nos ajudar nesse pepinão? O RH. Ah, o RH...
Puxa Juliana, realmente este é o caminho. Um enorme desafio para algumas empresas. Ainda mais aquelas que tem pessoas no RH com cabeça de alfinete.
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