quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

10 livros de sustentabilidade que você não pode deixar de ler!

Nos últimos anos tenho lido muito sobre sustentabilidade. Sustentabilidade do ponto de vista da administração, sustentabilidade do ponto de vista da economia, sustentabilidade do ponto de vista da comunicação, da engenharia e mais um monte de ponto de vista. Dependendo da fase gosto mais de uma coisa, gosto mais de outra.

Confesso a vocês que agora estou na transição da sustentabilidade do ponto de vista da economia para a sustentabilidade do ponto de vista da inovação. No entanto, percebo que há uma grande escassez de títulos com esse assunto. Caso vocês conheçam algum sobre inovação e sustentabilidade que acham que vale a pena indicar, ficarei super feliz.

O meu top 10 de livros de sustentabilidade é um apanhado das várias fases que eu tive dentro da área e não apenas um reflexo do que mais tenho lido ultimamente. Por isso essa lista é atualizada de tempos em tempos. Então se você já me ouviu falando de algum livro que não esteja aqui, o mais provável é que ele tenha saído dos meus favoritos. O que não significa que não continue sendo bom. Apenas surgiu um melhor.

Enfim, a lista mais atual:

1) Capitalismo natural (Natural capitalism)

Digo sem a menor dúvida que esse livro não é só o melhor de sustentabilidade corporativa, mas o melhor que já li na vida (ok, confesso que gosto de uma leitura pouco digerível no café da manhã). É uma visão muito pragmática sobre como a sustentabilidade pode (e vai) impactar o modelo de negócios das empresas. Tão pragmática que chega a incomodar. Mas sabe o que é mais chocante? Esse livro foi escrito no final da década de 90. Se é desconcertante hoje, imagina na época! A notícia boa é que ele foi reimpresso e está disponível para quem quiser comprar. O meu, que foi um presente, teve de ser comprado em um sebo.

2) Capitalismo climático (The way out: kick-starting capitalism to save our economic ass)

Da mesma autora de Capitalismo natural, o livro não chega a incomodar se você já leu o primeiro, mas é igualmente sensacional e mostra em uma linguagem muito conhecida de CEOs, diretores e empresários, a do retorno financeiro, o porquê de acreditando ou não nas mudanças climáticas, é bom investir em uma economia de baixo carbono.

3) Reinventando o fogo (Reinventing fire)

Fechando a trinca de ouro, mais um livrão da porra do outro autor de Capitalismo Natural. Aqui o tema fundamental é energia e as soluções alternativas ao petróleo, carvão, gás natural e ao shale. O livro mostra como é possível, até 2050, os EUA se livrarem da energia de alto carbono. Passando longe da utopia, Amory Lovins fundamenta a economia de baixo carbono, a criação de um mercado energético estável (lê-se, sem guerras e ditaduras) e com muito mais empregos que o modelo atual. Em tempos de Estados Unidos fora do Acordo do Clima, em tempos de Alemanha, China e afins impondo uma data para o fim da circulação de veículos movidos à combustão, o livro, lançado em 2013, continua atual e necessário, citando muitos dados técnicos, muitos dados econômicos e instigando o público a sair da zona de conforto. 

4) Canibais com garfo e faca (Cannibals with forks)

Clássico da sustentabilidade, para quem não sabe, foi nesse livro que John Elkington cunhou a expressão triple bottom line (tripé da sustentabilidade). É um baita livro. Não tão desconcertante quanto minha trinca de ouro, mas dada a época em que foi escrito, bastante inovador. Aliás, ainda hoje ele é bem vanguardista, a ponto de Elkington, há alguns anos, ter feito mea culpa e dito que o livro era muito avançado para a época. Se alguém é louco de seguir minhas dicas, aconselho a ler esse livro antes de qualquer outro da lista.

5) Corporação 2020 (Corporation 2020)

Já escrevi uma resenha específica sobre esse livro e não tem uma palestra que eu dê que não o recomende. Inclusive, é bibliografia obrigatória de meus artigos acadêmicos sobre inovação em modelos de negócios sustentáveis. É simplesmente sensacional a história contada sobre as crises econômicas, sobre o papel do lobby e da publicidade na (in)sustentabilidade das nações e principalmente porque falar das empresas do século XX é falar de um negócio que deu errado. Não, não estamos falando de faturamento e de lucro, mas de geração de valor. E aí vem os apontamentos para a empresa do novo século, deixando para trás consumismo irresponsável, energia artificialmente barata e falta de transparência.

6) A economia do hidrogênio (The hydrogen economy)

Do ponto de vista da energia, o hidrogênio é um dos elementos mais subvalorizados que se tem notícia. Super sustentável e super abundante, a verdade é que o lobby dos combustíveis fósseis nunca o deixou decolar. E quando ele passou a ter alguma voz no mercado, veio a energia renovável para começar a ocupar o espaço de protagonista que é seu de fato. De qualquer forma, esse livro é muito importante, sem contar que é uma leitura deliciosa. Mais do que falar das possibilidades econômicas do hidrogênio, é um livro que conta a história da energia, desde muito, muito tempo atrás, até a atualidade. A forma como o livro é escrito é tão gostosa, mas tão gostosa, que a gente aprende física e história sem nem perceber. Muitas vezes num mesmo parágrafo. A explicação da queda do império romano pela perspectiva da termodinâmica é poesia pura. Ah, e se vocês realmente forem seguir o meu conselho, leiam tudo que puderem do Jeremy Rifkin, o autor. O cara é o maluco mais sensacional que terão notícia depois do Elon Musk.

7) The Natural step (The Natural step)

The Natural Step é o primeiro livro sobre inovação e sustentabilidade de que se tem historia. E essa história começou há muito tempo, na década de 80. O livro é a narrativa de como um médico oncologista desenvolveu uma metodologia de sustentabilidade para ser aplicada nas empresas e os desafios que ele enfrentou para que as empresas e mesmo governos a adotassem. Médico. Oncologista. Sustentabilidade. Década de 80. Ah, o mais interessante é que, não raro, esse livro está em vários TOP 10 de livros de inovação até hoje. A quem interessar possa, também é bibliografia obrigatória em meus artigos acadêmicos sobre inovação em modelos de negócios sustentáveis.

8) A visão sistêmica da vida (The systems view of life)

Muita gente vai me perguntar o porquê de colocar esse e não o clássico do Capra, A teia da vida na lista. Simples: porque eu não gosto dele. Acho um livro chato, pesado, apesar de ter muitas informações importantes. A visão sistêmica da vida é o contrário do que acho sobre A teia da vida. Um livro leve, delicioso e viciante. Entender o que é visão sistêmica e como ela se aplica no nosso dia a dia é fundamental para entender a sustentabilidade e entender todas as causas e efeitos dela. Simplesmente M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O.


Lançado em 2012 e escrito pelo querido economista Ricardo Abramovay, Muito além da economia verde, é um livro sem cerimônias e toca o dedo na ferida. Melhoria de processos não é o suficiente enquanto mantivermos nossa cabeça voltada para um modelo de consumo do século passado. E nessa lógica, o livro fala que o tripé da sustentabilidade não é suficiente, por isso é fundamental aliá-lo à tecnologia, sociedade em rede e às novas economias. Palavra-chave do futuro: compartilhamento. Inclusive, foi um argumento tirado desse livro que me fez escrever o texto anterior, sobre o mito da economia circular.

10) Saí da Microsoft para mudar o mundo (Leaving Microsoft to change the world

Numa análise fria, o livro não tem muito a ver com sustentabilidade corporativa. Mas faz todo o sentido em tempos em que muita gente fala de trabalho com propósito e geração de valor. O livro mostra claramente o perfil que quem trabalha na área deve ter, que vai além do perfil técnico e conhecimento do assunto. É um livro altamente apaixonante e inspirador. Uma baita aula de empreendedorismo social quando o tema ainda não estava na moda e uma baita aula de gestão sustentável do terceiro setor.

Faixa bônus:

Lições de um empresário radical (Confessions of a radical industrialist)


Confesso que o título é mais apropriado para um livro de vendas, mas ele é simplesmente S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-L. Quando digo sensacional, é sensacional mesmo. O livro é a história de Ray Anderson, já falecido, um dos grandes expoentes da liderança empresarial para a sustentabilidade. Em 1994, questionado a respeito das políticas ambientais de sua empresa, a Interflor, Ray teve uma epifania e começou a sua peregrinação sustentável. Muito antes de se falar em PSS (Product Service System), sigla que está na moda hoje e é o futuro da indústria no século XXI, Ray procurou inovar dentro de um setor que é praticamente uma commodity e oferecer serviço, ao invés de placas de carpete para seus clientes.


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