Até, digamos, ontem, quando se falava no setor energético, a única instabilidade que vinha à mente da maioria das pessoas era, basicamente, o preço do barril do petróleo. Ok que esse fator foi responsável por grandes guerras e gerou baita crise econômica na década de 1970. Mas a verdade, é que tirando isso, o setor inteiro é muito tradicional, muito constante e muito lento. E todo mundo parecia acostumado com isso. Parecia.
A verdade, é que falar hoje de
energia é falar de algo que a gente não sabe como vai ser no futuro. Para entenderem
como essa mudança está frenética, há quatro anos a Petrobras estava leiloando o
Campo de Libra, uma das maiores promessas petrolíferas do país. Hoje, o preço
do barril do petróleo custa menos da metade do que em 2013, o que coloca a
viabilidade do campo em risco. Sem contar que o mundo vem pressionando por uma
mudança no modelo energético do século XX.
Só para vocês terem ideia do que
eu falo, da doideira que está esse setor, em 2015 o parlamento
alemão anunciou que a partir de 2030 estaria proibida a circulação de carros
movidos à combustão no país. Para um leigo, a notícia poderia não
significar nada, afinal, o que é um país com 80 milhões de pessoas na fila do
pão, dizendo para o mundo que em 15 anos estaria proibindo a circulação dos
carros movidos a alto carbono?
Acontece que esse país de 80
milhões de pessoas manda na Comunidade Europeia e muito do que esse parlamento
decide internamente vira regulamentação na região alguns anos depois. E o
negócio está tão louco, que a bola de neve veio muito antes do que se esperava.
Resumindo, hoje, dois anos depois, temos Holanda, Noruega, Inglaterra, França
e, até mesmo, Índia e China, já definindo datas para a proibição de circulação
de carros com motor à combustão. E gente, 2030 no setor de energia não é
amanhã, foi ontem!
Tirando as regulamentações, temos
ainda outros fatores que estão ajudando a mudar o setor, como a tecnologia de carros
elétricos, o smart grid e energia renovável. Tudo gerando uma ruptura profunda
no setor e gerando também grandes oportunidades para quem quer trabalhar com
economia da energia.
E foi pensando nisso que resolvi
fechar a temporada do Sustentaí
nas profissões com uma entrevista muito legal com o Pedro Ninô, que é
economista e trabalha na EPE, a Empresa de Pesquisa Energética. O papo girou em
torno da energia, que é o principal insumo do planeta, das oportunidades para
os economistas nessa área, o custo das externalidades, economia ambiental...
Oops, não vou estragar a surpresa
não, quem quiser saber mais, é só dar um play no vídeo e curtir a
entrevista tanto quanto eu curtir fazê-la:
Ah, se você é ou está no Rio, começou hoje o ColaborAmerica, um festival de co-criação de novos modelos econômicos. Amanhã (25/11) vou participar de um painel sobre oportunidades geradas pela economia de baixo carbono às 10h. O festival é gratuito e vocês podem se inscrever aqui: http://colaboramerica.org. Quem puder, vai lá me ver!