Há um tempo ouvi uma palavra bem
interessante: sharewashing. Maquiagem/lavagem compartilhada, pensei. Mas que
raios seria isso? Como entusiasta da economia compartilhada, como entusiasta de
novas economias, como entusiasta de modelos inovadores, como entusiasta da
integração da sustentabilidade com tudo isso, fui pesquisar.
Pois bem, segundo minha busca
pelo conhecimento, achei bons argumentos para se usar o tal do sharewashing. De
cara, entendidos do assunto começam dizendo que empresas como AirBnB e Uber, ao
contrário do que pensamos, não fazem parte da economia compartilhada. Um artigo
de 2015 do HBR, inclusive, deu uma excelente explicação para isso: quando o
compartilhamento é mediado pelo mercado e quando os envolvidos não se conhecem,
isso deixa de ser compartilhamento para ser um simples serviço.
Para especialistas, há uma grande
diferença entre comercializar e compartilhar. Por exemplo: um grupo de amigos
que vai viajar e aluga um carro, um casa e divide as despesas. Isso é
compartilhamento. Se você usa um serviço tecnológico de caronas e os usuários
rateiam a despesa daquele deslocamento, isso é compartilhamento. Se você chama
um motorista para te levar a um local e o objetivo dele com a prestação de
serviço é o lucro, isso não é compartilhamento, mas uma mera atividade
comercial. Ainda que esteja usando o seu carro particular para a atividade.
Ao contrário do real sentido da
economia compartilhada, as empresas por trás de sharewashing atuam em um modelo
baseado na economia do século passado. No entanto, elas utilizam ferramentas tecnológicas
para ampliar o seu alcance. A diferença está aí, no uso da tecnologia para
ampliar o seu alcance, não no modelo de negócios.
Somado a isso, há um monte de
empresas querendo abocanhar uma fatia desse bolo que, segundo a McKinsey, vai
chegar a 335 bilhões de dólares em 2025. O que está acontecendo é que empresas
e marcas até então tradicionais estão se travestindo de descoladas, cool e
mudando para a, então, economia compartilhada. Acontece que além dessa imagem bacana de
inovação e modernidade, a verdade é que o que está por trás de tudo isso é a
precarização do trabalho. Sem contar o desrespeito às leis e regulamentações
governamentais.
No caso específico do AirBnB, li
um artigo um dia desses, sobre a pressão de gentrificação que ele está fazendo
nas áreas turísticas das principais cidades do mundo. Explico: se você tem uma
quitinete em Copacabana e pode, sem o menor esforço, coloca-la para alugar no
AirBnB e conseguir diárias de 150 reais (que está barato), para que você vai
alugar para um mensalista e conseguir, no máximo, 1500 reais por mês? Do outro
lado, se você é um morador da região mas não tem um imóvel próprio, ou você vai
pagar uma fortuna de aluguel, ou vai ser relegado às zonas cada vez mais
periféricas da cidade.
Isso é sustentabilidade? É esse o
modelo de empresas do século XXI que queremos? Aproveito e também faço a mesma
pergunta que a primeira pessoa a cunhar a expressão sharewashing fez: o
sharewashing é o novo greenwashing?
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