quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

As dúvidas mais comuns sobre sustentabilidade corporativa

Pois bem, fim de férias, ano novo e eis que tudo volta à rotina. Inclusive o blog. Confesso que não tinha nada em mente para escrever,  mas aí me deu um estalo e fiquei pensando no tipo de email que mais recebo por aqui. Julianna, que curso de sustentabilidade você indica? Julianna, você acha que se eu fizer a pós tal da faculdade tal eu consigo um emprego na área?

Vamos respondendo por partes. Pergunta 1. Salvo raríssimas exceções, não indico quase nenhum dos cursos de sustentabilidade que pipocam por aí, seja de extensão ou pós-graduação. Quer dizer, indico os meus cursos, obviamente, até porque eles foram construídos com base no que eu acredito ser sustentabilidade corporativa de verdade e no que eu gostaria de aprender sobre o tema.

E por que não indico a maioria? Porque a forma como enxergo a sustentabilidade é baseada em uma visão sistêmica das empresas, coisa rara de se ver no que o mercado de educação oferece por aí. Já cansei de escrever, mas é sempre bom bater na tecla. Para mim, sustentabilidade não é projeto social ou ambiental, não é relatório, não é reputação, não é projeto de RH com os funcionários, não é o instituto ou a fundação que a empresa criou, não é inscrição em prêmios de empresa mais sustentável do universo.

Sustentabilidade corporativa para mim se resume em três palavras: estratégia, gestão, processos. Ou seja, administração estratégica sustentável. Quando vejo um curso que tenha essa abordagem, o que é raríssimo, eu recomendo, quando não tem, eu não recomendo. Simples assim. O que não significa que os outros cursos sejam ruins. Apenas não são o que eu considero sustentabilidade. Mas dependendo do que você procura, pode casar perfeitamente. É só uma questão de perspectiva.

Pergunta 2: a menos que você dê uma baita sorte, de estar no lugar certo, na hora certa, junto das pessoas certas, não, não vai. É duro falar, mas digo isso desde muito antes de a crise assolar o nosso país. E por quê? Porque pela falta de visão sistêmica, as empresas têm uma área de sustentabilidade mais por reação ao que todo mundo vem fazendo, do que estratégia propriamente dita.

Por isso ela é uma área mega enxuta (custa dinheiro, né, baby?), fechada, onde as pessoas que circulam por ela são basicamente as mesmas, ainda que de tempos em tempos elas mudem de emprego. Sabe aquela história de mundo pequeno? Então, cabe perfeitamente para a área de sustentabilidade. Você vai num evento e conhece não sei quem que conhece todo mundo que você conhece da área. Simplesmente porque todo mundo nessa área se conhece!

 Caceta, Julianna, o que eu faço? Você está me dizendo que nunca terei chance de trabalhar na área, é isso? Calma, jovem. Não apoquente ainda mais seu coração angustiado. Não quero causar sofrimento a ninguém, ainda mais no início do ano, quando todas as esperanças são renovadas. Para tudo tem um jeito. Acredite em mim.

Há pouco mais de dois anos escrevi aqui um texto falando que, justamente pela forma como as empresas encaram a sustentabilidade, o melhor a se fazer para trabalhar sustentabilidade de verdade era fugir da área. Confesso que foi um dos textos que mais gostei de escrever e se eu fosse você, eu gastaria uns minutinhos lendo: http://bit.ly/2ibzD8c.

Outro texto que escrevi, em 2010, já sugere alternativas para quem quer trabalhar na área, mas não tem experiência. Esse texto foi, inclusive, um dos mais acessados aqui e, na época, bombou no Linkedin. Levando-se em consideração a crise, por em prática o que escrevi no post pode ser, se você estiver desempregado, uma boa saída para se manter atualizado, produtivo e em contato com pessoas. Se eu fosse você, também gastaria uns minutinhos lendo ele. É antigo, mas está tãaaaao atual: http://bit.ly/2hS0gmJ.

Enfim, galera, espero não ter desanimado ninguém, sustentabilidade é uma delícia e eu recomendo a todo mundo sempre. A diferença é que nem sempre indico os caminhos mais normais. No mais, feliz 2017!


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