Pois bem, fim de férias, ano novo
e eis que tudo volta à rotina. Inclusive o blog. Confesso que não tinha nada em
mente para escrever, mas aí me deu um
estalo e fiquei pensando no tipo de email que mais recebo por aqui. Julianna,
que curso de sustentabilidade você indica? Julianna, você acha que se eu fizer
a pós tal da faculdade tal eu consigo um emprego na área?
Vamos respondendo por partes. Pergunta
1. Salvo raríssimas exceções, não indico quase nenhum dos cursos de
sustentabilidade que pipocam por aí, seja de extensão ou pós-graduação. Quer
dizer, indico os meus cursos, obviamente, até porque eles foram construídos com
base no que eu acredito ser sustentabilidade corporativa de verdade e no que eu
gostaria de aprender sobre o tema.
E por que não indico a maioria?
Porque a forma como enxergo a sustentabilidade é baseada em uma visão sistêmica
das empresas, coisa rara de se ver no que o mercado de educação oferece por aí.
Já cansei de escrever, mas é sempre bom bater na tecla. Para mim, sustentabilidade não
é projeto social ou ambiental, não é relatório, não é reputação, não é projeto
de RH com os funcionários, não é o instituto ou a fundação que a empresa criou,
não é inscrição em prêmios de empresa mais sustentável do universo.
Sustentabilidade corporativa para
mim se resume em três palavras: estratégia, gestão, processos. Ou seja,
administração estratégica sustentável. Quando vejo um curso que tenha essa
abordagem, o que é raríssimo, eu recomendo, quando não tem, eu não recomendo.
Simples assim. O que não significa que os outros cursos sejam ruins. Apenas não
são o que eu considero sustentabilidade. Mas dependendo do que você procura,
pode casar perfeitamente. É só uma questão de perspectiva.
Pergunta 2: a menos que você dê
uma baita sorte, de estar no lugar certo, na hora certa, junto das pessoas certas,
não, não vai. É duro falar, mas digo isso desde muito antes de a crise assolar
o nosso país. E por quê? Porque pela falta de visão sistêmica, as empresas têm
uma área de sustentabilidade mais por reação ao que todo mundo vem fazendo, do
que estratégia propriamente dita.
Por isso ela é uma área mega
enxuta (custa dinheiro, né, baby?), fechada, onde as pessoas que circulam por
ela são basicamente as mesmas, ainda que de tempos em tempos elas mudem de emprego.
Sabe aquela história de mundo pequeno? Então, cabe perfeitamente para a área de
sustentabilidade. Você vai num evento e conhece não sei quem que conhece todo
mundo que você conhece da área. Simplesmente porque todo mundo nessa área se
conhece!
Caceta, Julianna, o que eu faço? Você está me
dizendo que nunca terei chance de trabalhar na área, é isso? Calma, jovem. Não
apoquente ainda mais seu coração angustiado. Não quero causar sofrimento a
ninguém, ainda mais no início do ano, quando todas as esperanças são renovadas.
Para tudo tem um jeito. Acredite em mim.
Há pouco mais de dois anos escrevi
aqui um texto falando que, justamente pela forma como as empresas encaram a
sustentabilidade, o melhor a se fazer para trabalhar sustentabilidade de
verdade era fugir da área. Confesso que foi um dos textos que mais gostei de
escrever e se eu fosse você, eu gastaria uns minutinhos lendo: http://bit.ly/2ibzD8c.
Outro texto que escrevi, em 2010,
já sugere alternativas para quem quer trabalhar na área, mas não tem
experiência. Esse texto foi, inclusive, um dos mais acessados aqui e, na época,
bombou no Linkedin. Levando-se em consideração a crise, por em
prática o que escrevi no post pode ser, se você estiver desempregado, uma boa saída para se manter
atualizado, produtivo e em contato com pessoas. Se eu fosse você, também
gastaria uns minutinhos lendo ele. É antigo, mas está tãaaaao atual: http://bit.ly/2hS0gmJ.