Não raro já escrevi aqui sobre o
ponto mais crítico da implantação e da operação da sustentabilidade nas
empresas: cadeia de fornecedores. Compras. Procurement. O motivo é bem simples:
baixo controle da empresa. Por mais que se crie normas, por mais que se exija
comprovação de documentos, por mais que eventualmente se faça auditorias, a
verdade é que a gente nunca vai saber mesmo se o fornecedor que contratamos é,
efetivamente, sustentável.
Imagine uma empresa como a
Petrobras em tempos áureos. Ela tem o que? 40, 50 mil fornecedores? Vocês acham
que uma empresa tem capacidade de gerenciar a contento a sustentabilidade dessa
quantidade de empresas? E desses fornecedores, quantos são estratégicos?
Quinhentos? Mil? E se algum deles for fundamental e simplesmente não atender a
critérios de sustentabilidade. Faz o que? Cancela contrato e paralisa uma
produção, por exemplo, ou se expõe ao risco e reza para tudo dar certo?
Eu e, acredito que, ninguém temos
a fórmula para resolver os dilemas de sustentabilidade da cadeia de
fornecedores. No entanto, acredito também que há formas para tentar reduzir a
criticidade do processo, seja auditando os fornecedores chave (caríssimo), seja
exigindo certificações de ISO 14001, SA 8000 e afins, seja exigindo relatório
de sustentabilidade auditado e tentando imaginar que isso é suficiente, seja
fazendo trabalho de capacitação etc etc etc.
Em 2013, se não me engano, o
CEBDS lançou o manual de compras sustentáveis, um guia para ajudar as empresas
nesse árduo processo. Em paralelo, disponibilizou uma planilha de Excel para
que as empresas pudessem monitorar e controlar os seus fornecedores em
indicadores de sustentabilidade que lhes fossem pertinentes. Achei a planilha
super válida e muito boa. Mas na vida real das empresas não funciona. Imagina
um Excel para monitorar 200, mil, 5 mil fornecedores. Não rola. Em questão de
horas ele está desatualizado. E o trabalho é desumano.
E aí que há pouco tempo descobri
que finalmente estão lançando uma ISO voltada para compras sustentáveis.
Prevista para ser publicada em 2017, a ISO 20400 vai fornecer orientações para
organizações implementarem as compras sustentáveis de maneira eficaz,
pragmática, consistente e eficiente. Ela é aplicável a empresas de qualquer
porte, públicas ou privadas, de qualquer setor e aborda as dimensões política e
estratégica.
A ISO 20400 não é uma norma
certificável e não aponta requisitos, mas recomendações. Ainda que não forneça
uma certificação, ela é de grande importância já que foi feita para funcionar a
partir de um padrão internacional. O Comitê de criação da norma é liderado pelo
Brasil e pela França e o pontapé foi dado em setembro de 2013. Agora em
dezembro será entregue o rascunho final do padrão internacional.
No próximo dia 05 de dezembro, o
Rio de Janeiro (\o/) sediará o II Fórum Global de Compras Sustentáveis (Global
Forum on Sustainable Procurement). O evento contará com a participação de
diversos especialistas, nacionais e internacionais, e tem como principal
objetivo discutir a relevância e dos desafios das compras sustentáveis e o
papel da ISO 20400.
Para quem tem interesse no tema
ou trabalha diretamente ou indiretamente com ele, o Fórum Global de Compras
Sustentáveis é uma baita oportunidade para troca de conhecimentos e networking,
ainda mais porque eventos de sustentabilidade no Rio de Janeiro são raros. E mesmo
que esteja capengando, se a gente pensar que a cadeia de petróleo, que é
altamente crítica no que diz respeito à sustentabilidade na cadeia de
fornecedores, está basicamente aqui, o evento se torna bem estratégico.
Informações:
Fórum Global de Compras
Sustentáveis
Data: 05/12/2016 das 08h30min às
18h
Local: Windsor Atlantica Hotel – Av. Atlântica,
1020 – Copacabana