Acho que o título desse post não retrata
exatamente sobre o que vou escrever. Até porque já escrevi algumas vezes aqui sobre a diferença entre filantropia e sustentabilidade. Na verdade esse
é um assunto bem claro e bem óbvio. O que eu quero escrever mesmo é sobre o que
eu chamaria de, digamos, “filantropia sustentável”.
Filantropia não é um tema novo,
pelo contrário, é milenar. Só que nos últimos anos, a tecnologia vem ajudando a
leva-la a um novo patamar. Se não me engano, a primeira ferramenta do tipo que
apareceu na internet foi a Vakinha online. Ela ainda existe, ela ainda é muito utilizada,
mas o que trouxe uma grande ruptura neste modelo foram as plataformas de
crowdfunding.
Lá no início o crowdfunding
funcionava da mesma forma que uma vaquinha normal. As pessoas ainda estavam
experimentando. Quer dizer, ainda tem gente que utiliza dessa maneira e obtém
bons resultados. Mas com a maturidade do modelo, as organizações e as pessoas viram
o potencial de trabalhar bem uma causa e obter bons resultados a partir desta ferramenta
de financiamento/captação.
Acontece que a tecnologia, ao
mesmo tempo em que ampliou o potencial de alcance dos projetos filantrópicos,
fez com que eles se tornassem muito concorridos. São muitos projetos ou
iniciativas disputando muitas vezes o mesmo dinheiro. Um dinheiro que quase
sempre é escasso. E o que motivaria uma pessoa, neste caso, a doar seu
dinheiro? Basicamente identificação com a causa.
No entanto, para um projeto que
precisa de captação para sair do papel ou para se manter, contar apenas com a
simpatia das pessoas pela causa é muito pouco. A filantropia pela filantropia, para dar certo, ou a base de
engajamento já tem de ser grande antes mesmo do projeto partir para a internet
ou o esforço de comunicação e assessoria de imprensa terá de ser gigantesco. Ou então, em casos excepcionais, contar com a sorte de cair nas graças de alguém conhecido e viralizar.
Não acho que esse seja o caminho.
É aí que entra a “sustentabilidade” de um
projeto filantrópico que vai buscar financiamento na internet. Da mesma forma
que tem muitos projetos ruins tentando conquistar a nossa atenção, tem muita
coisa boa que aparece nos sites de crowdfunding e muitas vezes peca no modelo de criação da campanha. Para começar, as pessoas que buscam a plataforma para captar precisam entender a mecânica de
funcionamento. Se não tiver recompensa é vaquinha, não crowdfunding.
Se o projeto quer chamar a
atenção de alguém que não apoia aquela causa, é fundamental investir na construção
de uma boa história, é fundamental investir em uma boa construção visual e é
fundamental pensar em boas recompensas. Sim, recompensas. É um jogo de
ganha-ganha. Se não é a minha causa, aquilo não é uma doação e eu não vou dar
meu dinheiro para receber um chaveirinho em troca.
Isso pode parecer um tanto quanto
frio em se tratando de filantropia e as dicas parecem ser bem básicas. E são. Mas é o mesmo dilema que o marketing passou
tempos atrás, achando que o apelo ambiental/social por si só era suficiente
para alavancar a venda de produtos tidos como sustentáveis. Acontece que já passou da hora de
profissionalizar os meios de captação de projetos filantrópicos na internet e de
achar que basta coração bom das pessoas para um projeto se viabilizar.
Cara Juliana, gostei do seu artigo. Deparei-me com ele ao procurar informações sobre como publicar um livro infantil com propósitos filantrópicos (A renda obtida com as vendas seria doada integralmente para uma instituição filantrópica). Gostaria de saber se você teria alguma sugestão de como aplicar a estratégia de crowdfunding para esse propósito. Abs. Caco Dias
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