terça-feira, 21 de junho de 2016

Negócios sociais x empreendedorismo sustentável

Falar de negócios sociais já não é algo estranho para o público médio. O tema é recorrente em publicações, na TV, nas universidades e já tem até curso sobre isso. Mas diferente do que grande parte do público médio imagina, negócios sociais e empreendedorismo sustentável são coisas diferentes, apesar de estarem interligados.

Há alguns bons anos, quando o chamado negócio social começava a despontar, ele, sequer, tinha esse nome. Era chamado de setor 2,5 ou quatro setor. Inclusive falei sobre isso em outra oportunidade. Agora, confesso, há uma glamourização, uma goumertização e todo mundo quer ter um negócio social. É bonito, a gente ganha um quinhão no céu e o lucro deixa de ser demonizado. Porque se gerar valor, o lucro está liberado!

Enfim, não entrarei muito na questão filosófica que cerca os negócios sociais, mas o fato é que tem muita gente acha que isso é sustentabilidade. Não, não é. Ou melhor, não necessariamente. Grosso modo, os negócios sociais são um setor onde as organizações possuem fins lucrativos, mas atuam voltadas para uma causa. Aí que entra o conceito de “geração de valor” (frisando que gerar valor não é exclusivo de negócios sociais, mas isso é papo para outro post).

Por exemplo: uma organização voltada para alimentação saudável que trabalha no desenvolvimento de cooperativas de agricultura orgânica. Uma empresa que trabalha com produtos ou soluções voltadas para o empoderamento feminino. Ou uma solução tecnológica para dar voz ao cidadão em relação a questões governamentais.

Para quem tem interesse em negócios sociais, um bom lugar para começar a se inteirar sobre o assunto é o Social Good Brasil, uma organização cujo propósito é disseminar e incentivar o uso das novas tecnologias e mídias sociais para enfrentar os grandes problemas mundiais.

Mas Julianna, se isso não é empreendedorismo sustentável, o que é então?

Deixando claro: todo negócio social é, potencialmente, um empreendimento sustentável. Nem todo empreendimento sustentável é um negócio social.

Quando falamos de empreendedorismo sustentável, não estamos falando das causas que motivam as empresas a surgirem, nem dos problemas socioambientais que elas querem resolver, mas de como a sustentabilidade atua no modelo de gestão da empresa, nos processos operacionais, nos processos de negócio, no planejamento, no produto.

Por exemplo: uma pessoa que resolve abrir uma empresa de entregas que só funciona com bicicletas, é um empreendimento sustentável sem ser um negócio social. Ou um restaurante que só utiliza legumes, verduras e frutas de agricultura familiar. Ou uma empresa que utiliza a economia circular para gerar zero resíduo em sua produção (pelo amor de Deus, isso é bem diferente de fazer coleta seletiva e se achar no direito de dizer que é um empreendimento sustentável!)

Lembrando que não basta uma ação ou um processo específico para o empreendimento ser sustentável. É preciso que a sustentabilidade esteja inserida dentro de uma visão sistêmica e integrada à gestão. E lembrando, também, que atuando ou não em uma causa, seja um negócio que vai transformar o mundo ou apenas mais um negócio no bairro, o empreendedorismo, social ou sustentável, é fundamental para o bom funcionamento de qualquer sociedade.



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