Falar de negócios sociais já não é algo estranho para o público médio. O tema é recorrente em publicações, na TV, nas universidades e já tem até curso
sobre isso. Mas diferente do que grande parte do público médio imagina,
negócios sociais e empreendedorismo sustentável são coisas diferentes, apesar
de estarem interligados.
Há alguns bons anos, quando o
chamado negócio social começava a despontar, ele, sequer, tinha esse nome. Era
chamado de setor 2,5 ou quatro setor. Inclusive falei sobre isso em outra oportunidade.
Agora, confesso, há uma glamourização, uma goumertização e todo mundo quer ter
um negócio social. É bonito, a gente ganha um quinhão no céu e o lucro deixa de
ser demonizado. Porque se gerar valor, o lucro está liberado!
Enfim, não entrarei muito na
questão filosófica que cerca os negócios sociais, mas o fato é que tem muita
gente acha que isso é sustentabilidade. Não, não é. Ou melhor, não necessariamente.
Grosso modo, os negócios sociais são um setor onde as organizações possuem fins
lucrativos, mas atuam voltadas para uma causa. Aí que entra o conceito de “geração
de valor” (frisando que gerar valor não é exclusivo de negócios sociais, mas
isso é papo para outro post).
Por exemplo: uma organização
voltada para alimentação saudável que trabalha no desenvolvimento de
cooperativas de agricultura orgânica. Uma empresa que trabalha com produtos ou
soluções voltadas para o empoderamento feminino. Ou uma solução tecnológica
para dar voz ao cidadão em relação a questões governamentais.
Para quem tem interesse em
negócios sociais, um bom lugar para começar a se inteirar sobre o assunto é o Social Good Brasil, uma organização
cujo propósito é disseminar e incentivar o uso das novas tecnologias e mídias
sociais para enfrentar os grandes problemas mundiais.
Mas Julianna, se isso não é
empreendedorismo sustentável, o que é então?
Deixando claro: todo negócio
social é, potencialmente, um empreendimento sustentável. Nem todo
empreendimento sustentável é um negócio social.
Quando falamos de
empreendedorismo sustentável, não estamos falando das causas que motivam as
empresas a surgirem, nem dos problemas socioambientais que elas querem resolver,
mas de como a sustentabilidade atua no modelo de gestão da empresa, nos
processos operacionais, nos processos de negócio, no planejamento, no produto.
Por exemplo: uma pessoa que
resolve abrir uma empresa de entregas que só funciona com bicicletas, é um
empreendimento sustentável sem ser um negócio social. Ou um restaurante que só
utiliza legumes, verduras e frutas de agricultura familiar. Ou uma empresa que utiliza
a economia circular para gerar zero resíduo em sua produção (pelo amor de Deus,
isso é bem diferente de fazer coleta seletiva e se achar no direito de dizer
que é um empreendimento sustentável!)
Lembrando que não basta uma ação ou
um processo específico para o empreendimento ser sustentável. É preciso que a
sustentabilidade esteja inserida dentro de uma visão sistêmica e integrada à
gestão. E lembrando, também, que atuando ou não em uma causa, seja um negócio
que vai transformar o mundo ou apenas mais um negócio no bairro, o empreendedorismo,
social ou sustentável, é fundamental para o bom funcionamento de qualquer sociedade.
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