Quando a gente fala das riquezas
geradas por um país, uma cidade, uma região, o principal indicador que mede
essas riquezas é o PIB. Como isso é calculado? Fácil. É a soma de dinheiro de
todos os bens e serviços finais produzidos durante um determinado período. Simplório,
não? Mas é exatamente isso que é o PIB. E por isso é tão falho.
No ano passado li um livro bem
legal, chamado Mercado
Ético. Um dos capítulos fala sobre a economia do amor. Nele, a autora passa
alguns dados interessantes sobre a riqueza gerada pelos países: pelo menos 50%
de toda produção, mercadorias e serviços em todas as sociedades industriais e
de 65% a 70% em diversos países em desenvolvimento não entram na estatística porque
não são remunerados. Alô PIB, cadê você?
Segundo a autora, Hezel
Henderson, quando um sistema monetário entra em crise (ouvi um eco de Brasil, il,
il, il?), as pessoas podem criar moedas locais, fazer trocas, podem
compartilhar bens e serviços, podem vender aquilo que não precisam mais. Vou além.
Não precisa um sistema financeiro entrar em crise para isso acontecer. O mundo
está simplesmente mudando a forma de encarar uma economia sisuda, chata e
completamente ultrapassada.
Falei de tudo isso para entrar na
questão do voluntariado, que tem grande parcela de responsabilidade nessa
economia do amor. A quem interessar possa, três textos sobre voluntário no blog:
aqui,
aqui
e aqui.
O primeiro fala do voluntariado nos Jogos Olímpicos, o segundo sobre como uma
pessoa pode iniciar a carreira em sustentabilidade sem ter experiência na área e
o terceiro sobre como as empresas podem por em prática um voluntariado
corporativo que gere satisfação pessoal e também benefícios para a empresa.
Mas enfim, fiz uma mega enrolação
para falar de um voluntariado específico. Um que salva vidas. Na semana passada
tive a oportunidade de conhecer o Hemorio
de uma forma muito maior do que eu imaginava ser, um mero banco de sangue. Além
de distribuir sangue para cerca de 200 unidades de saúde no estado, o Hemorio é
um hospital referência em doenças relacionadas ao sangue. E faz um trabalho primoroso!
Mas voltemos a falar de doações. Por lei, nenhuma doação de sangue pode ter caráter remuneratório. O que faz muito sentido. Afinal, qual a confiabilidade de um banco de sangue privado, cujo objetivo central é o lucro? Ah, se der problema depois é só processar. Fala isso para a família do Betinho, do Henfil e do Chico Mário, por exemplo. Tem coisas que simplesmente são de responsabilidade única e exclusiva do Estado. Ponto.
Então, a doação de sangue tem de
ser, necessariamente, voluntária. Para a boa manutenção do banco, o ideal é que
5% da população seja doadora. Em alguns países da Europa esse número chega a
7%. No Rio, a média é de 1,5%, o que faz com que o estoque de sangue do Hemorio
esteja sempre em nível bem abaixo do necessário. Sem contar que esses números
são uma baita contradição, já que o perfil do carioca sempre foi de ser um povo
solidário.
O que acontece é que qualquer pessoa, independente
das que precisam de sangue regularmente, qualquer um, em qualquer
situação, pode precisar de sangue. E quando falo de qualquer um, falo de você, de
mim, do nosso melhor amigo, dos nossos familiares, que, de uma hora pra outra,
podem sofrer um acidente e precisar de, sei lá, quantas bolsas de sangue para
uma cirurgia de emergência. Mas e se não tiver?
Para estimular a doação, o
Hemorio lança, de tempos em tempos, campanhas para engajar a população. Esta
semana, por exemplo, é a semana nacional do doador voluntário de sangue. Junto
com a campanha, o Hemorio lançou o Hemopics,
que permite que todos compartilhem fotos nas redes sociais mostrando o nível de
estoque de sangue da instituição. Isso não só impulsiona o engajamento e a
mobilização das pessoas, como também permite que aqueles que não podem doar ajudem
de alguma forma. Que tal tirar uma selfie do bem?
A semana do doador acaba amanhã.
A ação que está acontecendo na Cinelândia acaba hoje, daqui a pouco, às 17h. Mas
para fazer o bem não precisa ter dia nem hora marcada. E muito menos deve ser
feito apenas quando alguém próximo precisar. Que tal reunir alguns amigos e
celebrarem a amizade em algum hemocentro na sua cidade? #vemdoar