Quando a gente fala do futuro da sustentabilidade, ela passa largo do que a gente vê hoje nas empresas. Gestão de rotina, relatórios de sustentabilidade, comitês, projetos sociais, projetos ambientais etc etc etc. Não sou contra nada disso. Absolutamente. Vai existir sempre, aliás. Mas concordemos que isto está longe de fazer a sustentabilidade protagonista de alguma coisa. E em momentos de crise como o de agora, esse fato fica evidente.
E aí que algumas empresas, há
algum tempo, perceberam a possibilidade de transformar a sustentabilidade em
negócio e, definitivamente, alça-la a um primeiro plano no mundo dos negócios.
E foi com este mote, o da inovação para a sustentabilidade, que aconteceu aqui
no Rio, na semana retrasada, o Sustainable Brands de 2015.
Não vou me estender no que
aconteceu exatamente no evento, que teve palestras e workshops de empresas e
causas, passando por concurso de startups (Innovation Open), por um laboratório
de ideias com os millennials, a popularmente conhecida geração Y, além de trazer
para o público o conceito de economia circular (que em engenharia é o chamado ciclo de vida dos materiais).
Pois bem, voltando à temática da inovação, quero falar especificamente de uma empresa que se apresentou no SB15 e que, não escondo de ninguém, é a minha favorita quando o assunto é sustentabilidade como modelo de negócios. Empresa esta que tive a oportunidade de conhecer no SB do ano passado: a Solazyme. Para quem não conhece, a Solazyme é uma empresa de biotecnologia que tem como matéria prima base as microalgas e a partir delas desenvolve produtos em quatro plataformas: alimentos, cuidados pessoais, óleos e lubrificantes para indústria e combustíveis.
No ano passado me apaixonei ao saber
que a Solazyme comercializa nos EUA o biocombustível de alga, que é, para mim,
o combustível do futuro. Do ponto de vista ambiental, o processo de produção captura CO2. Do ponto de vista de território, requer ínfimas quantidades de
terra, o que nos leva ao ponto de vista comercial, que é uma maior eficiência/hectare em relação aos demais biocombustíveis. Sem contar, ainda, o ponto de vista
social que é o ranço que, no caso do Brasil, os biocombustíveis carregam pelas denúncias de uso de mão de obra análoga à escrava, comum na cultura da cana.
Além do combustível, nesse ano
conheci outra faceta da Solazyme, a da indústria alimentícia. E quando falamos
da presença das algas na alimentação, temos um apelo forte em relação à
indústria da vida saudável, já que as algas são fortes fontes de fibra, pobre
fontes de gordura, tem um monte de mineral bacana e são cheias daqueles ácidos
que ninguém entende nada, mas que os nutricionistas adoram!
Só que além dessas benesses, tem
uma que é até pouco falada e é o que me encanta mais. Num mundo com sete bilhões
de pessoas, caminhando para os nove bilhões em 2050, falar de algas como fonte
de alimentos é falar, também, de segurança alimentar. Principalmente agora, num momento em
que o mundo discute pesadamente mudanças climáticas e as perdas que elas vêm
causando na agricultura.
Assim, sob essa perspectiva, a do
impacto e da importância da inovação pela sustentabilidade, indo além de relatórios, de projetos sociais e ambientais, indo além de engajamento, empresas como a
Solazyme tornam-se muito mais do que aspiracionais. Elas se tornam cada vez
mais necessárias.