Que a agricultura brasileira é
referência em todo o mundo, isso não é novidade. Pelo contrário, a cada ano que
passa, batemos recordes de produção e somos um dos principais exportadores do
planeta. Em tempos de mais de sete bilhões de pessoas e com projeção de
chegarmos aos nove bilhões em 2050, ter uma agricultura sólida e consistente
nos coloca numa posição globalmente estratégica.
Com o protagonismo da agricultura
brasileira no mundo, um mercado que vem crescendo ano a ano é o de defensivos
agrícolas. E na rabeira desse mercado, o Brasil encontrou espaço para outro
protagonismo. Desde 2005 o país é líder mundial na destinação correta das
embalagens vazias dos defensivos agrícolas.
Dentro da cadeia produtiva da
agricultura, o descarte das embalagens dos defensivos é extremamente crítico,
pois se feito de forma incorreta pode contaminar desde o solo e lençóis
freáticos, até causar problemas de saúde em animais e pessoas. Porém, atualmente,
94% das embalagens plásticas primárias (que entram em contato direto com o
produto) possuem destinação correta.
Por força de legislação, indústrias
e/ou os registrantes de defensivos agrícolas são obrigados a promover a
destinação correta das embalagens vazias dos seus produtos. Para isso, foi
criado em 2002 o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, o
inpEV, que através do
Sistema Campo
Limpo, gerencia a logística reversa das embalagens dos defensivos em todo
país.
O inpEV é formado pela associação
de 100 empresas fabricantes, além de nove entidades do setor agrícola. Para
alcançar a liderança mundial, o Sistema Campo Limpo trabalha de forma
compartilhada, envolvendo todos os atores da cadeia: distribuidores e
cooperativas, agricultores (5 milhões!), indústria e entidades governamentais.
O trabalho realizado pelo inpEV trata
de todo o ciclo de vida das embalagens. Ele se inicia com o engajamento dos agricultores,
que acontece já no ponto de venda. Na compra do defensivo agrícola, o produtor
fica sabendo onde terá de devolver as embalagens vazias. A informação vem
impressa na nota fiscal.
Após a utilização do produto, o agricultor
deve lavar e perfurar as embalagens para que elas não sejam reutilizadas e
então agendar o envio às unidades de recebimento. Lá os funcionários fazem a
separação das embalagens que serão encaminhadas para reciclagem ou para
incineração.
A efetividade do programa e as
informações geradas permitem que a tomada de decisão seja orientada para redução
de custos e aumento de produtividade. Isso se dá através de, por exemplo,
agendamento eletrônico de devolução de embalagens, sistema logístico focado na
otimização dos custos de frete e desenvolvimento de metodologia para recebimentos
itinerantes, ampliando a capilaridade do recebimento das embalagens.
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Volume de embalagens descartadas corretamente a cada ano (inpEV) |
Pela complexidade, pela
diversidade e pela quantidade de envolvidos no sistema, o inpEV acabou por se
tornar referência mundial em logística reversa e sustentabilidade. Entre 2002 e
2013, por exemplo, a iniciativa evitou que mais de 390 mil toneladas de CO2eq
fossem emitidas. Isso é o equivalente a mais de 900 mil de barris de petróleo.
Além de todo o trabalho de conscientização de agricultores e a coleta das
embalagens, o inpEV também promove educação ambiental para cerca de 230 mil
estudantes de escolas públicas em 160 municípios.