sexta-feira, 24 de julho de 2015

A responsabilidade das empresas com a sustentabilidade do consumidor


Vocês já repararam o tamanho da boca da embalagem da pasta de dente e o quanto ela faz com que utilizemos muito mais pasta do que o necessário? Alguém aqui consegue tomar iogurte até o final sem precisar enfiar o dedo pra raspar o tacho? Dependendo da embalagem, quase que a metade do produto fica retido! Você sabe o quanto de shampoo ainda tem na embalagem depois que, aparentemente, o produto acaba?

O design tem um papel fundamental na sustentabilidade e isso é um fato. Seja através do design thinking, da remodelagem de processos e mesmo no caso da arquitetura e da construção civil. É fácil as empresas praticarem o design nessa perspectiva. Traz eficiência operacional, eficiência de recursos. Economiza dinheiro.

Mas e quando falamos de uma prática onde o design é responsável não apenas por estimular o desperdício, mas também para aumentar, desnecessariamente o consumo de um produto? Ou seja, e quando o propósito do design é meramente aumentar as vendas, pergunto: cadê a sustentabilidade?

Sempre cito um exemplo meu, de um dia em que o shampoo acabou e só me dei conta quando estava no banho. Por razões que não vêm ao caso, havia quatro embalagens da mesma marca supostamente vazias. Por conta da necessidade, virei todas de cabeça para baixo na esperança de que a soma do resto de todas permitisse uma lavagem de cabelo. Resultado: só precisei comprar shampoo novo 15 dias depois.

E aí fico pensando: o que as empresas entendem como sustentabilidade de verdade? Neste caso específico, o que uma empresa de bens de consumo entende como sustentabilidade? Será que é só coleta seletiva, de consumo eficiente de água, energia? Será que é só a divulgação da foto do presidente numa creche do lado de crianças com meleca no nariz? Será que é só relatório de sustentabilidade?

Ah, Julianna, já cansei de ver empresas de bens de consumo olhando para o ciclo de vida das embalagens, estimulando o uso de refil, usando materiais biodegradáveis, embalagens compactas e bla bla bla bla. Ok, entendo e sei o quanto isso é fundamental. Mas cadê o design de embalagens voltado para o consumo responsável, para o consumo com redução de desperdício?

Alguém já pensou na quantidade de matéria prima, na quantidade de produto que é desperdiçado todos os dias porque o design da embalagem não facilita o seu consumo pleno? Não faço ideia de números, mas contando por baixo com 1% de desperdício de produto, dado o grande volume, qual o impacto disso no meio ambiente, na fauna, na flora, na biodiversidade inteira, ainda mais se levarmos em conta que a maioria esmagadora desses produtos são feitos com matéria prima extraída da natureza?


 E aí eu pergunto diretamente para Natura, para Unilever, para Danone e para um monte de empresa de bens de consumo: será mesmo que vocês são empresas sustentáveis? 

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