sexta-feira, 10 de julho de 2015

A importância da matriz de materialidade para a sustentabilidade corporativa


Quando se fala de planejamento estratégico da sustentabilidade, muita gente da área não dá o devido valor a uma ferramenta importantíssima, que é a matriz de materialidade. A bem da verdade é que a maioria, mas maioria mesmo, acha que ela só tem valor na hora de fazer relatório de sustentabilidade.

A modo bem grosso, matriz de materialidade é a representação gráfica dos temas de sustentabilidade importantes para uma empresa. O problema é que ela é utilizada, basicamente, para definir quais indicadores do GRI serão reportados no relatório de sustentabilidade da empresa.

Gente, é esforço demais e informação estratégica demais para utilizar quase que exclusivamente numa das coisas que deveria ser de menor importância para a área de sustentabilidade de uma empresa! Lembrando que o conceito de relatório é colocar no papel aquilo que foi feito de verdade pela empresa. O principal é o fazer, não o registro disso!

Por ser tratada como mera coadjuvante, muitas vezes a empresa terceiriza a criação da sua matriz de materialidade (a ponto de não ter ninguém da área de sustentabilidade acompanhando o processo!) ou muitas vezes faz nas coxas. Alguém consegue entender como uma empresa de mineração não tem em sua matriz a questão da biodiversidade? Eu não consigo entender, mas já vi.

A questão é que para uma pessoa com visão estratégica ou para uma empresa que encara a sustentabilidade como área estratégica, a matriz de materialidade serve para outras funções que não apenas escolher o que vai ou não no relatório. Ela é uma baita ferramenta de gestão que auxilia, e muito, na tomada de decisão.

No planejamento, por exemplo, ela aglutina de forma inteligente informações valiosas para análise de cenários, análise de riscos, análise swot e plano de ações. Para mapeamento de stakeholders, a matriz de materialidade pode ser utilizada como parte do processo para definir questões relevantes que a empresa deve considerar, levando-se em conta o impacto e o interesse do público de relacionamento. 

O G4 fez as empresas falarem mais da matriz de materialidade, já que a premissa agora é o que é importante de se relatar e não mais quantos indicadores de sustentabilidade relatar. E para isso funcionar, a cada ciclo de revisão de indicadores, em tese, um esforço considerável é feito para se definir a materialidade de uma organização.

Quer dizer, ao menos deveria ser, apesar de já ter visto empresa definindo materialidade em uma reunião de duas horas com cinco pessoas presentes e zero de consulta a qualquer stakeholder. Mas pensando no mundo ideal, partindo do princípio que sim, as empresas definem suas matrizes como tem de ser, pergunto: sério mesmo que uma informação desse nível estratégico fica restrita, na maioria das vezes a um relatório que ninguém lê?  


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