Se você conversar com economistas
que não se engessaram no tempo, a maioria vai dizer que o futuro passa pela
economia colaborativa/ compartilhada. Em Corporação
2020 e Muito
Além da Economia Verde, livros sensacionais e presentes na lista do top
10 de sustentabilidade aqui do blog, Pavan Sukhdev e Ricardo Abramovay,
respectivamente, apontam o porquê dessa economia ser uma das principais
soluções para o fim da sequência de crises e para a sustentabilidade.
Mas o que é exatamente a economia
compartilhada?
De forma bem grosseira, é um
modelo onde os produtos são compartilhados. A base do consumo está no uso ao invés da posse. Estou falando de compartilhamento de carro, bicicleta,
hospedagem, moradia, alimento, roupa, informação, tecnologia... qualquer coisa.
E pelo lado do modelo de negócios, significa uma empresa sair da manufatura e fazer
a transição para um modelo de serviços.
O consumo colaborativo não é
novo, pelo contrário, mas ele foi potencializado pelo uso da tecnologia e dos
aplicativos do gênero, como o Uber, o Air BNB, o Bike Rio dentre outros. E ele,
de cara, minimiza um problema crítico da sustentabilidade: a obsolescência programada.
Mas não é só isso. Além de toda a cadeia da obsolescência (geração de resíduos,
descarte incorreto, consumo excessivo de matéria prima etc), tem também outras
questões que devem ser consideradas pela sustentabilidade ocasionada a partir
da economia compartilhada.
Eu, como pesquisadora e apaixonada
pela economia de baixo carbono, tenho alguns dados para exemplificar o impacto
da economia compartilhada/colaborativa na sustentabilidade, na mobilidade, nas
finanças e na remodelagem de negócios de velhas empresas.
Em 2013, apenas nos EUA, o
mercado de compartilhamento de carros movimentou quase um bilhão de dólares. A tendência
é que esse mercado chegue a mais de seis bilhões de dólares em 2020. Além do
dinheiro circulante, esse tipo de compartilhamento vai evitar a compra de 1,2
milhões de automóveis nos próximos cinco anos e evitar a emissão de muitas toneladas
de CO2 na atmosfera. Isso é louco. Estou falando de algo que vai
acontecer praticamente amanhã!
E aí pergunto para vocês: e aqui
no Brasil, qual o tamanho do consumo colaborativo?
Uma pesquisa recente conduzida
pela Market Analysis com 900 brasileiros adultos, apontou que 20% deles já
ouviram falar ou leram alguma coisa sobre consumo compartilhado. Pouco. Muito
pouco. O índice mais que dobra (42%) quando as pessoas estão no topo da
pirâmide socioeconômica e tem alta escolaridade. Esperado. Mas ainda pouco para
a facilidade no acesso à informação que esse grupo tem.
Um dado curioso é que no
principal centro de consumo do país, a região sudeste, o índice de conhecimento
sobre consumo colaborativo é abaixo da média nacional das cidades consultadas,
sendo o Rio de Janeiro a capital com menor conhecimento (14%). Já Recife, uma
das cidades pioneiras no compartilhamento de automóveis, o índice alcança 50%.