Na última quarta feira, depois de
meses de expectativa, foi divulgado o preço da corrupção da, outrora, maior
empresa do Brasil. O valor, segundo o balanço da Petrobras, indica uma perda de
6,2 bilhões de reais em 2014.
Sou mais pragmática do que isso,
já que o prejuízo total, de 21,59 bilhões, indica uma série de investimentos
errados que é a tradução da interferência do PT na gestão da estatal apenas
para agradar aliados. Se um presidente obriga uma empresa estatal a investir em
algo que não só será superfaturado, mas inútil, ah, isso para mim também é
corrupção, já que ele está sendo beneficiado, nem que seja pelo aumento do capital
político.
Mas vamos trabalhar a informação de seis bilhões. É muito dinheiro. É muito mais que muito faturamento de muita empresa grande. Dinheiro simplesmente jogado no ralo, ou melhor, no bolso de algumas poucas pessoas. É um dinheiro que não gera emprego ou conhecimento, não promove inovação, investimento e nem dividendos para o país. Pelo contrário, dizima tudo isso.
Vamos deixar claro que a corrupção
não é exclusiva do meio político e nem se restringe às empresas públicas. Conheço
muita empresa que oferece dinheiro para o analista de suprimentos para
favorecê-la em alguma concorrência. Já, inclusive, vi isso acontecendo. Em alguns
casos, beira o ridículo. Você vê o analista que ganha cinco mil com carro completamente
incompatível com o salário dele e vê outros casos ainda mais esdrúxulos.
E aí eu pergunto para vocês: o
quanto a corrupção impacta a economia de um país? O quanto isso afeta a
capacidade produtiva de uma empresa?
Há uns dois meses, maios ou
menos, vi um estudo que dizia que toda a crise da Petrobras geraria um impacto
de -1% no nosso PIB. Caceta, a gente está em crise por diversos outros fatores
e ainda tem mais essa. Um país inteiro vai ter de pagar por causa de meia dúzia
de gente? Lembrando que quando uma empresa como a Petrobras entra numa crise profunda,
ela não só puxa toda a sua cadeia, como também acaba impactando outros setores
e isso vira efeito em cascata.
A lógica é simples. Cria-se um
projeto como Abreu e Lima, por exemplo. Além de fornecedores diretos da
indústria de petróleo, você tem logística, você tem alimentação, você tem
construção civil, você tem a economia local que se forma, você tem o
deslocamento de pessoas de outras regiões. E aí do nada se aborta um projeto
desses.
No caso do Rio de Janeiro, cuja
economia está muito fundamentada em petróleo e gás, o estado só não está em
situação pior, porque tem uma coisa chamada Rio 2016 que ajuda a segurar as
pontas. Mas isso acaba ano que vem. E aí pergunto: o que vai ser da nossa
economia quando os Jogos passarem?
Além de todo rastro negativo que
a corrupção vai deixando na economia de um país, tem uma dúvida que me incomoda
e que ainda não vi ninguém tocando nesse assunto: está claro que a corrupção na
Petrobrás é endêmica e vem de muitos e muitos anos. Não vou entrar no mérito
político de quem e quando isso começou, porque não vem ao caso.
Mas a Petrobras, por ser uma
empresa aberta, tem de publicar balanço financeiro auditado. O balanço do
terceiro trimestre de 2014 só foi publicado agora porque a Price disse que não
assinava sem saber o quanto de dinheiro tinha ido para corrupção. Aí eu
pergunto: o que se fazia com a corrupção nos balanços anteriores? Porque tem
assinatura de auditoria lá. Era conivência ou vista grossa?
Lembrando que a Petrobras saiu de
um lucro de 20 e tantos bilhões em 2013 para um prejuízo de 20 e tantos bilhões
em 2014, além de ter algo muito estranho aí, isso mexe com o mercado financeiro.
E aí eu pergunto de novo: qual a responsabilidade da empresa que audita e
avaliza um balanço financeiro desses?
E não se esqueçam: palestras gratuitas de sustentabilidade em todo Brasil: http://goo.gl/WRt8EM
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Vamos trabalhar mais e criticar menos.
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