quarta-feira, 4 de março de 2015

O impacto das mudanças climáticas no mundo corporativo

Há um bom tempo o tema mudanças climáticas está na pauta dos países, das academias e de alguns setores empresariais, principalmente o de seguros. Mas basicamente essa análise é restrita ao campo das relações internacionais e limitada a um ponto de vista superficialmente financeiro, tipo, o custo das mudanças climáticas serão de x bilhões de dólares em 2000 e sei lá quanto. Mas como as mudanças climáticas impactam as empresas? O quanto dela diz respeito a você? O quanto dela impacta, especificamente o seu trabalho?

É claro que é bem fácil falar do impacto no setor agrícola, por exemplo. A bem da verdade, apesar de não admitirmos ou não fazermos a correlação, sim, as mudanças climáticas já vêm impactando, e muito, o preço dos alimentos. É claro que entender o impacto no setor de petróleo é fácil. Fácil de entender, difícil de por em prática, diga-se de passagem.

Com a crise da água nos últimos tempos, empresas de bebidas e cosméticos, principalmente, acenderam o sinal vermelho e cogitaram, até, paralisar ou transferir a produção para regiões que não houvesse problema de racionamento. Mas empresas de diversos outros setores acabaram sofrendo bastante, ainda que água não seja matéria prima. A lógica para mudanças climáticas é a mesma e não somente empresas de alto carbono serão afetadas.

E aí entra, justamente, a minha questão: e em outros setores, como se dará o impacto das mudanças climáticas? Como isso vai impactar o trabalho das pessoas? Como vai impactar a produção? Será que vai impactar o modelo de negócio das empresas? E as empresas, será que as empresas já estão pensando nisso? ou melhor, será que elas estão se preparando para isso?

Peguemos como exemplo uma empresa de logística. Logística é serviço. Não é possível que sofra com mudanças climáticas. Ah, meus caros, sinto informar, mas sofre sim. Primeiro pela questão de combustível. Ué, mas o barril do petróleo não está barato? Sim, mas é muito provável que no futuro regulamentações governamentais restrinjam o uso da gasolina e derivados ou, pior ainda, sobretaxe o seu uso. Imaginaram o impacto disso nas finanças? E aí vem o segundo ponto: conseguem imaginar a reação em cadeia que isso pode gerar?

E a cadeia do turismo, como fica? E o setor de construção civil? E o prejuízo que o setor aéreo pode ter com a possibilidade constante de cancelar/adiar vôos devido ao clima? E o setor de gastronomia ou mesmo o de alimentos processados? Vai repassar integralmente o aumento de custos jogando a inflação pro céu ou terá cacife para reduzir o lucro sem quebrar? E independente do setor ou da indústria, como fica o planejamento da área de compras das empresas?

Eu, particularmente, fico muito preocupada com o impacto das mudanças climáticas nas empresas e em seus modelos de negócio. Sei que muitos dos impactos não acontecerão em curto e médio prazo. Mas são possibilidades bem reais. Bem reais mesmo. E o que me incomoda mais na história é ver que ou a miopia empresarial ou a inércia, ou os dois juntos faz com que a maioria das empresas não enxerguem as mudanças climáticas como um risco em potencial.


Vale lembrar que por motivos bem mais simples e de forma muito mais rápida, grandes empresas, como a Blackberry, por exemplo, sumiram do mapa num piscar de olhos.   

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