quarta-feira, 11 de março de 2015

O impacto da (falta de) diversidade nas empresas

É imperativo das empresas dizerem que promove a diversidade em seu ambiente corporativo da mesma forma que é imperativo dizerem que sustentabilidade está no DNA. Se isso acontece de verdade, não faço a mínima ideia. Quer dizer, em algumas empresas eu até sei se é só bla bla bla ou se realmente elas trabalham em prol de sustentabilidade e diversidade. Mas a questão é que, discurso ou prática, todas dizem que fazem. TODAS.

Independente das que só falam que promovem a diversidade, pô-la em prática não apenas é uma das bases da sustentabilidade, como também traz uma série de benefícios para a empresa. A começar por pessoas com diferentes histórias de vida, diferentes realidades, diferentes formas de encarar a vida e diferentes formas de encarar os mesmos problemas.

Para uma pessoa branca como eu, por exemplo, a simples cor da pele pode não significar nada. Mas pega um negro da mesma classe social, com o mesmo padrão de vida, público-alvo das mesmas marcas. Veja se a história de vida dele não é influenciada de alguma forma pela cor da sua pele. E veja se isso não pode impactar a forma como ele trabalha. E gente, isso é bom!

Não sei se vocês sabem, mas assim que me formei, eu passei em um programa de trainee de uma grande empresa. Na época era o maior programa e o mais disputado (hoje não faço ideia do desejo dos jovens em participar desse tipo de processo seletivo). E talvez por conta da concorrência, os filtros tinham de ser bem altos. Faculdade de primeira linha, inglês fluente (coisa nunca necessária enquanto trabalhei lá), intercâmbio...

Sabe o resultado da alta concorrência e dos filtros de corte? Trinta robozinhos todos os anos eram selecionados e treinados para assumirem os cargos de liderança em um futuro próximo. Não, isso não é sustentável. E não, gente, isso não é bom.

Esqueçam o nosso colapso econômico dos últimos anos e olhemos para uma década atrás. O que aconteceu? Uma classe então pobre e invisível para o mercado emergiu, com uma gana nunca vista para o consumo. Durante um bom tempo as empresas bateram a cabeça para aprender a vender para esse público. Até hoje acho que poucas aprenderam.

Mas o que isso significou? Que os robozinhos com a mesma história de vida, com a mesma realidade social e econômica, com a mesma cor, tiveram de descer do salto e aprender a vender para pobre. E se ferraram. Dez anos se passaram e a diversidade nas empresas continua mínima. Quando muito, cumpre-se requisito legal. E às duras penas.

Acontece que enquanto vivíamos numa pajelança econômica, vender era muito fácil, para quem quer que fosse. Só que agora, com a crise instalada, será preciso muito mais do que um marketing padrão para vender. Aliás, será preciso muito mais que um bom marketing para vender. Será preciso ter bons processos. E bons processos não são feitos por robozinhos.

E aí pergunto para as empresas: onde estão os negros? Onde estão as mulheres líderes? Onde estão os gays assumidos? Onde estão os deficientes? Onde estão os jovens que não moram na Zona Sul?

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