quarta-feira, 18 de março de 2015

E se os impactos ambientais tivessem um preço?

Uma das coisas que eu mais curto na sustentabilidade é uma ramificação que nem sei se existe com esse nome que vou chamar, que é muito pequena, que é relativamente recente, mas que pode dar muito caldo no futuro: economia da sustentabilidade. Que como toda economia, tem duas grandes divisões: macro e micro.

O que eu mais gosto na “economia da sustentabilidade” é a macroeconomia. Tipo análise de cenários, planejamento econômico, remodelagem de negócios. Tudo isso voltado para sustentabilidade, obviamente. Mas vamos pensar do ponto de vista microeconômico. Como seria a microeconomia da sustentabilidade?

Um dos exemplos mais próximos da tal da microeconomia da sustentabilidade é o mercado de crédito de carbono. Apesar de estar bem malzinho das pernas, esse mercado funciona mais ou menos assim: uma empresa gera benefícios climáticos além do que ela precisa. Por causa disso tem o direito de comercializar esses benefícios na Bolsa de Valores de Chicago. Uma empresa que está em déficit climático compra esses benefícios.

Indo além dos créditos de carbono, governos e empresas podem aplicar a microeconomia na análise financeira do meio ambiente. O que isso significa? Significa que os governos, por exemplo, podem escolher, através de cálculo, o melhor modelo econômico a ser adotado e o quanto cobrar por licenças ambientais, por poluição de água e ar, contaminação do solo, chuva ácida e afins.

Do ponto de vista das empresas, através da microeconomia, o propósito é identificar o que é mais viável financeiramente, seja a compra de créditos de “licenças para impactar”, seja a implantação de programa de mitigação, seja a venda de créditos de qualquer coisa. E neste caso as mesmas ferramentas de mercado são utilizadas, como elasticidade de preço e oferta e demanda, por exemplo.

Pode parecer estranho falar de licenças para impactar, mas a verdade é que o mercado hoje praticamente não lida com as externalidades ambientais. Além disso, é sempre bom lembrar que desenvolvimento, ainda que sustentável, gera impactos. Respirar gera impactos. Pode parecer frio, pode parecer cruel, pode parecer qualquer coisa, mas ninguém aqui quer abrir mão de energia, transporte, de conforto. Logo, impactos serão gerados. Se eles puderem ser evitados, ótimo, se não puderem, que seja mitigado ou que seja compensado financeiramente.

E para quem se interessa sobre o assunto, um livro muito bacana é o Economia Ambiental, da Cengage Learning. Um livrinho super pequenininho (544 páginas), mas que vale muito a pena ler. Não vou dizer que é um livro fácil porque não é. Mas é um livro extremamente útil, principalmente para quem quer trabalhar a sustentabilidade como gente grande.


Autor: Janet M. Thomas e Scott J. Callan
Editora: Cengage Learning

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