Uma das coisas que eu mais curto
na sustentabilidade é uma ramificação que nem sei se existe com esse nome que
vou chamar, que é muito pequena, que é relativamente recente, mas que pode dar muito
caldo no futuro: economia da sustentabilidade. Que como toda economia, tem duas
grandes divisões: macro e micro.
O que eu mais gosto na “economia
da sustentabilidade” é a macroeconomia. Tipo análise de cenários, planejamento
econômico, remodelagem de negócios. Tudo isso voltado para sustentabilidade,
obviamente. Mas vamos pensar do ponto de vista microeconômico. Como seria a
microeconomia da sustentabilidade?
Um dos exemplos mais próximos da
tal da microeconomia da sustentabilidade é o mercado de crédito de carbono. Apesar
de estar bem malzinho das pernas, esse mercado funciona mais ou menos assim: uma
empresa gera benefícios climáticos além do que ela precisa. Por causa disso tem
o direito de comercializar esses benefícios na Bolsa de Valores de Chicago. Uma
empresa que está em déficit climático compra esses benefícios.
Indo além dos créditos de
carbono, governos e empresas podem aplicar a microeconomia na análise
financeira do meio ambiente. O que isso significa? Significa que os governos,
por exemplo, podem escolher, através de cálculo, o melhor modelo econômico a ser
adotado e o quanto cobrar por licenças ambientais, por poluição de água e ar, contaminação
do solo, chuva ácida e afins.
Do ponto de vista das empresas, através
da microeconomia, o propósito é identificar o que é mais viável
financeiramente, seja a compra de créditos de “licenças para impactar”, seja a
implantação de programa de mitigação, seja a venda de créditos de qualquer
coisa. E neste caso as mesmas ferramentas de mercado são utilizadas, como elasticidade
de preço e oferta e demanda, por exemplo.
Pode parecer estranho falar de licenças
para impactar, mas a verdade é que o mercado hoje praticamente não lida com as
externalidades ambientais. Além disso, é sempre bom lembrar que
desenvolvimento, ainda que sustentável, gera impactos. Respirar gera impactos. Pode
parecer frio, pode parecer cruel, pode parecer qualquer coisa, mas ninguém aqui
quer abrir mão de energia, transporte, de conforto. Logo, impactos serão
gerados. Se eles puderem ser evitados, ótimo, se não puderem, que seja mitigado
ou que seja compensado financeiramente.
E para quem se interessa sobre o
assunto, um livro muito bacana é o Economia Ambiental,
da Cengage Learning. Um livrinho super pequenininho (544 páginas), mas que vale
muito a pena ler. Não vou dizer que é um livro fácil porque não é. Mas é um
livro extremamente útil, principalmente para quem quer trabalhar a
sustentabilidade como gente grande.
Autor: Janet M. Thomas e Scott J. Callan
Editora: Cengage Learning