Desde a globalização dos
mercados, do ponto de vista da sustentabilidade, o tema mais crítico é a
internacionalização das cadeias produtivas. Resumindo, é a terceirização /
transferência de fábricas para países onde o custo da mão de obra é
infinitamente mais baixo que em países desenvolvidos.
Com legislações trabalhistas
praticamente inexistentes, com casos públicos de uso de trabalho infantil e/ou
análogo ao escravo, fábricas localizadas, principalmente, no sudeste asiático
permitem que grandes marcas mundiais reduzam o custo de sua produção e se
“mantenham competitivas” em mercados cada vez mais selvagens.
E aí eu pergunto: o custo da
violação de direitos humanos fundamentais está embutido no preço? O custo da
precarização do trabalho aparece na etiqueta?
Na primeira semana de fevereiro,
o preço médio do litro da gasolina nos EUA bateu os $0.59. Isso equivale, hoje,
em reais, a pouco mais de 1,85 reais. E seria mais barato ainda se o nosso real
não estivesse tão desvalorizado. O algodão, matéria prima base para indústria
da moda, é responsável por 30% do consumo de pesticidas no mundo.
E aí pergunto: estão incluídos no
preço da gasolina as guerras por petróleo, o aquecimento global, as emissões de
carbono, a perda de biodiversidade nas áreas de extração? Estão incluídos no
preço das roupas que compramos o esgotamento do solo, a contaminação da área de
plantio, o desmatamento em prol de monocultura, o tratamento médico de pessoas contaminadas
pelos pesticidas?
O problema é que tanto do ponto
de vista social, quanto do ponto de vista ambiental, qualquer atividade
econômica gera impactos. É fato. São as tais externalidades. Algumas delas já
vêm sendo embutidas no preço final há algum tempo por imposição de
regulamentações governamentais e, até mesmo, regulamentações de mercado.
Acontece que isso não faz nem cosquinha no real preço dos produtos.
Acontece que enquanto a conta não
começar a ser cobrada individualmente de quem polui, de quem desmata, de quem elimina
fauna e flora, de quem emite CO2, de quem utiliza mão de obra
infantil / análoga à escrava, de quem ignora direitos humanos, a conta vai ser,
cedo ou tarde, paga por todos. E ela é alta.
E aí eu pergunto:
sustentabilidade faz custar mais caro ou apenas faz custar o verdadeiro preço
de um produto?
E mais importante do que isso:
você está disposto a pagar pela sustentabilidade?