quarta-feira, 25 de março de 2015

Até que ponto você quer pagar pela sustentabilidade?

Desde a globalização dos mercados, do ponto de vista da sustentabilidade, o tema mais crítico é a internacionalização das cadeias produtivas. Resumindo, é a terceirização / transferência de fábricas para países onde o custo da mão de obra é infinitamente mais baixo que em países desenvolvidos.

Com legislações trabalhistas praticamente inexistentes, com casos públicos de uso de trabalho infantil e/ou análogo ao escravo, fábricas localizadas, principalmente, no sudeste asiático permitem que grandes marcas mundiais reduzam o custo de sua produção e se “mantenham competitivas” em mercados cada vez mais selvagens.

E aí eu pergunto: o custo da violação de direitos humanos fundamentais está embutido no preço? O custo da precarização do trabalho aparece na etiqueta?

Na primeira semana de fevereiro, o preço médio do litro da gasolina nos EUA bateu os $0.59. Isso equivale, hoje, em reais, a pouco mais de 1,85 reais. E seria mais barato ainda se o nosso real não estivesse tão desvalorizado. O algodão, matéria prima base para indústria da moda, é responsável por 30% do consumo de pesticidas no mundo.

E aí pergunto: estão incluídos no preço da gasolina as guerras por petróleo, o aquecimento global, as emissões de carbono, a perda de biodiversidade nas áreas de extração? Estão incluídos no preço das roupas que compramos o esgotamento do solo, a contaminação da área de plantio, o desmatamento em prol de monocultura, o tratamento médico de pessoas contaminadas pelos pesticidas?

O problema é que tanto do ponto de vista social, quanto do ponto de vista ambiental, qualquer atividade econômica gera impactos. É fato. São as tais externalidades. Algumas delas já vêm sendo embutidas no preço final há algum tempo por imposição de regulamentações governamentais e, até mesmo, regulamentações de mercado. Acontece que isso não faz nem cosquinha no real preço dos produtos.

Acontece que enquanto a conta não começar a ser cobrada individualmente de quem polui, de quem desmata, de quem elimina fauna e flora, de quem emite CO2, de quem utiliza mão de obra infantil / análoga à escrava, de quem ignora direitos humanos, a conta vai ser, cedo ou tarde, paga por todos. E ela é alta.

E aí eu pergunto: sustentabilidade faz custar mais caro ou apenas faz custar o verdadeiro preço de um produto?

E mais importante do que isso: você está disposto a pagar pela sustentabilidade?


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