Falar de água no Brasil nesses
últimos, sei lá, 12 meses, é assunto quente. Não moro em São Paulo, nunca
passei por esse tipo de racionamento, mas esse é um tema que chama, e muito, a
minha atenção. Ao contrário do que parece, falar de água vai muito além dos
problemas que a falta dela pode acarretar para o nosso banho e para a nossa cultura
do desperdício.
Em nosso corpo, de 60 a 65% dele é
composto de água. Ela está no músculo, no sangue, na gordura, no tecido
ósseo... Logo, para manter essa estrutura sadia, é fundamental a ingestão de
água. Pode parecer idiotice falar isso, mas ainda que seja óbvio, sim, as
pessoas bebem pouca água, sim, elas se esquecem de beber água, sim, elas não
bebem água (sério, isso existe).
Quando se fala de hidratação em
geral, sempre houve uma grande polêmica se o correto era se focar
fundamentalmente na água ou se outros líquidos, como sucos, isotônicos ou, até
mesmo, refrigerantes, supririam essa necessidade.
Vamos lá. Eu trabalho com carbono,
inovação e novos modelos de negócio. Minha formação acadêmica e minha
experiência como atleta amadora nem de longe me capacitam a opinar nesse imbróglio.
Acontece que essa é uma questão que é importante para qualquer pessoa. E não
canso de repetir: saúde tem muito a ver com sustentabilidade.
Sou muito feliz e muito grata
pela sorte e pela oportunidade de fazer parte de um grupo que todos os anos se
encontra com pessoas referências em diversos temas de interesse, de forma que
possamos compartilhar as boas experiências. E o último encontro da Coca-Cola no
ano passado me permitiu entender a questão da hidratação e da relação água x
outros líquidos.
Lembram quando falei aqui que as
pessoas tendem a demonizar
os adoçantes? É a mesma coisa com qualquer líquido diferente da água. E
para desdemonizar qualquer líquido, assim como mostrar a importância da
hidratação para o nosso corpo, bati um papo muito, muito bom com o José Rubens
D’Elia, especialista em fisiologia do exercício e um super preparador físico de
vários atletas de alto rendimento.
Como atleta amadora, sempre ouvi
que o consumo de bebida isotônica deveria ser feito com muito cuidado (coisa de
só ingeri-la após o 10km de uma corrida, por exemplo), pois além da hidratação,
ele repõe sais minerais perdidos durante uma atividade física. O que eu mais
ouvi é que muita gente faz uso indiscriminadamente e que isso poderia acarretar
problemas de saúde, já que poderia ocasionar desequilíbrio de sais minerais, no
caso pelo excesso.
E foi aí que o Dr. D’Elia tranquilizou
todo mundo dizendo que em qualquer perda de líquido há a perda de sais
minerais. É claro que não me vejo almoçando na companhia de um isotônico (a
menos que seja a água de coco - por questão de gosto!), mas ele é muito mais
inocente do que sempre imaginei.
Além dessa importante dica sobre isotônicos,
o Dr. D’Elia deu várias outras. Quer mais uma? Quando estamos à beira mar,
devemos ficar mais atentos à reposição de líquidos e isso não tem a ver com a
questão do sol. Mesmo com o tempo fechado, o cuidado deve ser redobrado por
causa do sal. Isso mesmo, não é sol, é sal. Quer outra? Estresse desidrata. Logo,
relaxe.
Dica da Juju: há muito, muito tempo
criei uma série de alarmes para me lembrar que estava na hora de beber água.
Fiz isso até me acostumar e virar rotina. Pronto. Problema resolvido.
E aí, já que estou falando de
água novamente, esse bem precioso, que o Brasil sempre achou que teria
indiscriminadamente e eternamente, começou a dar um sinal de veja bem, não é
assim que a banda toca. A falta de água em São Paulo iniciou um monte de caça
às bruxas e todo mundo até agora está querendo achar um culpado.
Sim, o governo paulista tem culpa
no cartório, mas não é o maior deles. Tem outras questões, como a relação entre
a falta de chuva e o desmatamento. Mas a verdade é que o principal culpado é o
consumidor médio, ou melhor os 11 milhões de habitantes que usam água sem o
menor critério, que a desperdiçam e que não estão nem aí para a necessidade de
mudança de comportamento.
Na verdade estendo esse
consumidor médio a quase todos os brasileiros. A sutil relação entre causa e
efeito, misturada ao nosso consumo irracional de recursos naturais já está
voltando contra nós mesmos. Passou da hora de procurarmos um culpado e tomarmos
vergonha na cara para fazermos o que é de nossa responsabilidade.