Gosto de escrever sobre economia
de baixo carbono, mudanças climáticas, emissões de CO2. Gosto mesmo.
Mas não é um assunto fácil, confesso. Pelo contrário, é um tema bem pouco
digerível no café da manhã. Mas acontece que, devido a sua gravidade, ele precisa
ser debatido pelo público médio. E por
mais que o grosso das emissões se dê pelas atividades da indústria e da
agropecuária, sim, essa conta também é nossa.
Já comentei em algum post que
qualquer coisa gera impacto no meio ambiente e a maioria das atividades gera
emissão de gases do efeito estufa. Muito do nosso impacto vai de acordo com o
estilo de vida que optamos. E isso não está relacionado apenas ao consumo, mas
em como consumimos e como nos relacionamos com o nosso ambiente.
Quando se fala de mudanças
climáticas, o tema ainda é muito confuso porque as pessoas não veem a causa
direta na vida delas. Eu sempre brinco dizendo que a maioria das pessoas acha
que aumentar 1oC significa passar o verão do Rio de Janeiro de 40oC
para 41oC e que isso a gente consegue administrar. Acontece que
mudanças climáticas é muito mais do que isso. As consequências são pesadas e a
conta já está chegando.
Por exemplo, você consegue relacionar
aumento de temperatura à violência? Eu consigo e explico. Para o entendimento
ser mais fácil, tenha em mente que tudo na sustentabilidade é baseado na
relação causa x efeito. Absolutamente tudo.
Um dos impactos mais diretos
quando se aumenta a temperatura são as perdas na agricultura (seja pela seca,
seja pelo excesso de chuva). Ainda que hoje ela esteja bastante mecanizada, nos
países mais pobres e populosos, como Índia e China, e mesmo em muitas regiões
do Brasil, a agricultura emprega um grande contingente de mão de obra. Além da
empregabilidade, a atividade tem uma função social muito grande, pois mantém
muita gente no campo.
Aí imaginemos que por conta das
mudanças climáticas, as perdas na agricultura sejam cada vez maiores e por isso
os empregos se tornarão mais escassos. O que vai acontecer? Fluxo migratório
para as cidades. Mas será que as cidades, cada vez mais saturadas, têm
estrutura para receber mais e mais pessoas? Essas pessoas terão moradia digna?
Essas pessoas terão emprego? E o que acontece quando há muita gente e pouco
emprego?
Entenderam a relação?
O aumento da violência nas
cidades é uma das consequências das mudanças climáticas. Tem uma série de
outras ações que são desencadeadas a partir daí. Mas a questão aqui é: tudo
isso também é sua responsabilidade. E o que você, pessoa física, pode fazer
para minimizar ou mesmo evitar o aumento da temperatura global?
Conforme falei lá em cima, muito da
nossa responsabilidade vai de acordo com o estilo de vida que optamos. Quero
deixar claro que não estou fazendo apologia e muito menos voto de pobreza, mas
deixo a reflexão: como está a sua relação compro porque eu quero x compro
porque eu preciso? O que é desejo e o que é necessidade?
Uma questão emblemática para o
Brasil é o aumento considerável do número de automóveis nas ruas nos últimos
anos. Mais do que uma necessidade de mobilidade, o carro, para a gente, é um
sinal de status. E não só de status, mas também de comodismo. Afinal, quantas
pessoas utilizam o carro para trabalhar apenas porque é mais confortável, não é
mesmo?
Independente das motivações que
levam as pessoas a usarem cada vez mais o carro, há formas de, ambientalmente
falando, minimizar e compensar esse impacto.
E se você deixasse o carro na garagem uma vez por semana e fosse
trabalhar de transporte público? E se para curtas distâncias você passasse a
andar e/ou utilizar a bicicleta? E se para compensar a pegada que você não
consegue eliminar, você utilizasse mecanismos de redução, como a compra de
créditos de carbono?
Pensando nisso, o Santander
lançou o programa Reduza e Compense CO2.
O programa é uma plataforma de cálculo, redução e compensação das nossas
emissões anuais. A compensação é feita através de projetos certificados que,
além de reduzirem as emissões de carbono, geram benefícios sociais, ambientais
e, em muitos casos, econômicos. Lembram quando eu escrevi sobre mitigação
tecnológica e os benefícios gerados? Então.
Dentro do Reduza e Compense CO2,
o Santander disponibiliza uma ferramenta de
cálculo onde você preenche com informações sobre o uso do carro, transporte
público, residência e viagens aéreas e depois vê o quanto você emite anualmente
e quanto isso custa compensar. O pagamento pode ser feito via PagSeguro, o que
possibilita não clientes Santander participarem.
E por que o Santander está
fazendo isso?
Além da questão climática e do
consequente fomento ao mercado de crédito de carbono (mais do que necessário),
o programa viabiliza projetos de pequenas e médias empresas que atuam voltadas
para a economia de baixo carbono. Esse apoio permite, ainda, o desenvolvimento
de comunidades e do ambiente onde esses projetos estão localizados.
Os projetos apoiados em 2014 são:
Projeto Florestal Santa Maria, Cerâmica Irmãos Fredi, Cerâmica Menegalli e
Cerâmicas Guaraí, Itabira e Santa Izabel.
Ah, junto a ação, o Santander criou
a hastag #eucompenso e toda vez que alguém postá-la, independentemente do
conteúdo do post, o banco vai compensar as emissões de carbono dos tweets, dos
posts no Facebook e Instagram até atingir 100 bilhões de menções.
Vamos colaborar?
#eucompenso e você?
Oi Julianna. Gostei muito do seu Blogger e dos artigos nele contidos. Li alguns e gostaria de tecer vários comentários, no entanto, o tempo é escasso, mas arrumei um tempinho para imprimir minha opinião sobre o artigo As mudanças climáticas e o quanto isso é da sua conta "As mudanças climáticas e o quanto isso é da sua conta". Considerando que toda a unanimidade é burra, busquei opinar apenas naquilo que não concordo, tal como a compensação das minhas ações que prejudicam o MA com a compra de créditos de carbono. E justifico. Sempre tomo muito cuidado com ações e projetos que requisitam voluntários, pois na esmagadora maioria das vezes sou contra. Para mim, o voluntariado serve apenas para amenizar catástrofes (ações da natureza), passageira, e não para ações contínuas. Nos vídeos e projetos listados pelo referido banco, sempre estão crianças carentes, pessoas doentes, analfabéticas, entre outras, ou seja, questões de responsabilidade compartilhada entre as três esferas de governo (federal, estadual e municipal), garantidos pela constituição, senão, para que está norma serve? Não entenda isso como um viés político, pois não é. Também não sou empresário, mas entendo que a maior ação social é a geração e garantia de trabalho digno. Em outro artigo seu sobre sustentabilidade, foi escrito que o pensamento de sustentabilidade e o Brasil parecem não caminharem juntos, e concordo com você, haja vista que a MP 651/2014 postergou a Lei 12.305/2010 para 2016, e apenas para uma comparação, nem as obras de sustentabilidade previstas para a Copa-2014 foram concretizadas, logo....
ResponderExcluirPara nós civis, trabalhadores, pagadores de impostos é muito difícil se organizar para cobrar dos gestores públicos (o país não é devidamente "alfabetizado" para isso), assim, sobra criatividade para "empurrar as obrigações do Estado para empresários e cidadãos como eu e você. Uma pena, pois já carregamos um fardo tremendo.
Mas deixando de blablabla, vamos à prática. Como afirma Ricardo Abramovay, professor de economia da USP, se as empresas fossem tributadas apenas pela geração de lixo, emissões de GEE e uso de água o resultado seria uma quantia para plantar duas florestas amazônicas, no entanto, esses custos não são provisionados no preço final do produto, pois a carga tributária atual serve para outras finalidade (considerando as fugas que não são poucas e das quais sabemos muito bem). Pegue como exemplo as autarquias responsáveis pela gestão da água e esgoto, ou então das concessionárias de energia elétrica. Juro por DEUS que não reclamaria se tivesse que pagar uma taxa de 5,00 na minha conta se eu soubesse que isso seria investido na recuperação de áreas degradadas. Daria para financiar projetos segmentados no pais inteiro com foco em pontos críticos, e olha que sobraria. Acredito que nunca antes na história desse país teríamos uma ação tão sustentável sendo compartilhada por todos, mas vamos falar sério, seriedade não é o forte de nosso país, pois logo metade desse recurso seria utilizado para gerir a si mesmo através de um cabedal desqualificados.
Mas voltando ao seu Blogger, achei muito bom. De verdade. Parabéns