A grosso modo, economia de baixo
carbono se fundamenta numa economia onde os setores produtivos minimizam as
emissões de gases do efeito estufa, principalmente o gás carbônico. Isso se dá
através de eficiência e inovação de processos e na utilização de recursos energéticos
de matriz renovável.
O conceito parte do princípio de
integrar as atividades primárias, a manufatura, o transporte, dentre outras
atividades, a diferentes tecnologias que permitem a produção de energia e
materiais com pouca emissão de GEE. Somado a isso, a economia de baixo carbono
também procura fortalecer ações voltadas para reutilização e reciclagem de
materiais e resíduos.
Quando a gente fala de economia
de baixo carbono, a consequência direta é o impacto nas mudanças climáticas.
Apesar de ser discutido há bastante tempo por técnicos e especialistas, foi a
partir da COP-3 que as pessoas passaram a entender o tamanho do problema.
Em 1997, o mundo parou para
prestar atenção no que acontecia na cidade de Kyoto. Isso se deu porque foi
amplamente noticiado que os EUA se recusaram a assinar o então compromisso de
redução nas emissões. Em 2012, o Protocolo foi prorrogado até 2020 e mesmo com
algumas baixas, a União Europeia inteira assinou o compromisso de reduzir em
20% suas emissões em relação aos níveis de 1990.
Um dos principais pontos da
economia de baixo carbono diz respeito à matriz energética dos países. E os
dois grandes vilões chamam-se carvão e petróleo. Só o petróleo é responsável
por 35% das emissões de CO2 no mundo. Em termos energéticos, 80% das
emissões se devem ao uso de combustível fóssil.
Sabendo desses vilões, a economia
de baixo carbono se volta para algumas alternativas. A primeira é a eficiência.
Estou falando de processos eficientes, otimização de logística, energia em
rede, inovação de produtos... A segunda é a substituição dos vilões por
similares mais sustentáveis (ou menos impactantes, dependendo do seu ponto de
vista). Biocombustível, biopolímero, energia renovável...
Junto às alternativas mais “simples”,
há outros fatores mais complexos que são cruciais para a economia de baixo
carbono. E eles envolvem mudança de comportamento. Na questão da mobilidade
urbana, por exemplo, o custo estimado do congestionamento nas cidades
americanas chega a US$ 121 bilhões. Isso simplesmente supera qualquer externalidade
causada pelos combustíveis.
Para vocês terem uma ideia de
como a mobilidade urbana não apenas movimenta a economia gerando novos tipos de
negócios, como também faz bem ao meio ambiente, o mercado de compartilhamento
de carros nos EUA projeta que para 2020, 1,2 milhão de carros deixem de ser
comprados.
Apesar de eu achar que o mundo
não leva a economia de baixo carbono tão a sério como poderia, e deveria, já
vemos bons exemplos e tendências pairando no ar. Por exemplo, a Holanda, com 16
milhões de habitantes, possui frota de 18 milhões de bicicletas. Ou o governo
alemão estabeleceu que até 2050, 80% da matriz energética do país seja de
origem renovável, principalmente eólica e biomassa.
Masdar City, em meio à opulência petrolífera
dos Emirados Árabes, foi a primeira cidade construída com base no conceito de
sustentabilidade. Mais próxima da nossa realidade, a Costa Rica funciona com
99% dos recursos de origem renovável e tem planejamento de ser carbono zero até
2021.
Enfim, ainda que isoladas, as
iniciativas brotam aos borbotões. Ao contrário do que a maioria imagina,
economia de baixo carbono não significa eliminar setores economicamente
importantes, mas ambientalmente sujos. Significa, apenas, que a tecnologia e a
inovação estão à disposição para melhorar ou, se preciso for, transformar esses
setores.