quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Mas afinal, o que é economia de baixo carbono?


A grosso modo, economia de baixo carbono se fundamenta numa economia onde os setores produtivos minimizam as emissões de gases do efeito estufa, principalmente o gás carbônico. Isso se dá através de eficiência e inovação de processos e na utilização de recursos energéticos de matriz renovável.

O conceito parte do princípio de integrar as atividades primárias, a manufatura, o transporte, dentre outras atividades, a diferentes tecnologias que permitem a produção de energia e materiais com pouca emissão de GEE. Somado a isso, a economia de baixo carbono também procura fortalecer ações voltadas para reutilização e reciclagem de materiais e resíduos.

Quando a gente fala de economia de baixo carbono, a consequência direta é o impacto nas mudanças climáticas. Apesar de ser discutido há bastante tempo por técnicos e especialistas, foi a partir da COP-3 que as pessoas passaram a entender o tamanho do problema.

Em 1997, o mundo parou para prestar atenção no que acontecia na cidade de Kyoto. Isso se deu porque foi amplamente noticiado que os EUA se recusaram a assinar o então compromisso de redução nas emissões. Em 2012, o Protocolo foi prorrogado até 2020 e mesmo com algumas baixas, a União Europeia inteira assinou o compromisso de reduzir em 20% suas emissões em relação aos níveis de 1990.

Um dos principais pontos da economia de baixo carbono diz respeito à matriz energética dos países. E os dois grandes vilões chamam-se carvão e petróleo. Só o petróleo é responsável por 35% das emissões de CO2 no mundo. Em termos energéticos, 80% das emissões se devem ao uso de combustível fóssil.

Sabendo desses vilões, a economia de baixo carbono se volta para algumas alternativas. A primeira é a eficiência. Estou falando de processos eficientes, otimização de logística, energia em rede, inovação de produtos... A segunda é a substituição dos vilões por similares mais sustentáveis (ou menos impactantes, dependendo do seu ponto de vista). Biocombustível, biopolímero, energia renovável...

Junto às alternativas mais “simples”, há outros fatores mais complexos que são cruciais para a economia de baixo carbono. E eles envolvem mudança de comportamento. Na questão da mobilidade urbana, por exemplo, o custo estimado do congestionamento nas cidades americanas chega a US$ 121 bilhões. Isso simplesmente supera qualquer externalidade causada pelos combustíveis.

Para vocês terem uma ideia de como a mobilidade urbana não apenas movimenta a economia gerando novos tipos de negócios, como também faz bem ao meio ambiente, o mercado de compartilhamento de carros nos EUA projeta que para 2020, 1,2 milhão de carros deixem de ser comprados.

Apesar de eu achar que o mundo não leva a economia de baixo carbono tão a sério como poderia, e deveria, já vemos bons exemplos e tendências pairando no ar. Por exemplo, a Holanda, com 16 milhões de habitantes, possui frota de 18 milhões de bicicletas. Ou o governo alemão estabeleceu que até 2050, 80% da matriz energética do país seja de origem renovável, principalmente eólica e biomassa.

Masdar City, em meio à opulência petrolífera dos Emirados Árabes, foi a primeira cidade construída com base no conceito de sustentabilidade. Mais próxima da nossa realidade, a Costa Rica funciona com 99% dos recursos de origem renovável e tem planejamento de ser carbono zero até 2021.

Enfim, ainda que isoladas, as iniciativas brotam aos borbotões. Ao contrário do que a maioria imagina, economia de baixo carbono não significa eliminar setores economicamente importantes, mas ambientalmente sujos. Significa, apenas, que a tecnologia e a inovação estão à disposição para melhorar ou, se preciso for, transformar esses setores.

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