Nos últimos seis anos devo ter lido
uns 30 livros relacionados à sustentabilidade. Confesso que, com o passar do
tempo, eles vão ficando bem repetitivos. Acontece que mesmo o conteúdo sendo
bem parecido há sempre aquela perspectiva única do autor que acaba
diferenciando uma obra da outra.
Dessa montanha de livros, já li
sobre a sustentabilidade do ponto de vista da economia (enquanto ciência, não
enquanto parte do triple bottom line), do ponto de vista da filosofia, do marketing,
da comunicação, da filantropia, da engenharia de produção, da administração, das
relações internacionais, da sociologia (novamente, enquanto ciência, não enquanto
parte do triple bottom line) etc etc etc.
E aí que o último livro que li
foi Mercado Ético, da economista Hazel Henderson. Sim, tem bastante coisa
parecida com que li em outros livros, principalmente os que focam em
sustentabilidade corporativa. Mas um capítulo em especial me chamou muita
atenção, o que fala da economia do amor.
O que Henderson chama de economia
do amor, eu chamo de capital social. Nunca me foquei nessa perspectiva, mas
lendo o livro me atentei para o quanto custa para um país o baixo capital
social e o quanto isso tem a ver com sustentabilidade. Vou dar um exemplo bem
próximo da realidade dos cariocas:
Há alguns meses o prefeito da
cidade do Rio de Janeiro botou em prática uma lei que multa aqueles que jogam
lixo nas ruas. Sério que isso tinha de virar uma lei com fiscalização e aplicação
de multa? Não sei se alguém aqui já foi a Londres, mas por causa do atentado de
2005, não existe lixeira nas ruas. E nem lixo. Quanto não se gasta em
cartórios, advogados e afins simplesmente porque nossa palavra não vale de
absolutamente nada?
O princípio mais básico da
sustentabilidade é uma palavrinha super propalada e pouquíssimo praticada por
nós: ética. Uma sociedade fundamentada na ética acredita no ser humano. Ponto. Se
eu me comprometo com você a fazer tal coisa, eu faço, independente de um papel
assinado.
Trazendo o capital social para o
aspecto econômico, Henderson afirma que pelo menos 50% de toda a produção,
mercadorias e serviços em todas as sociedades industriais, e de 65% a 70% em muitos
países em desenvolvimento, nunca são levados em conta pelas estatísticas do
PIB, já que não há envolvimento de dinheiro. E que justamente quando os
sistemas monetários entram em crise, como a que estamos vivendo desde 2008,
quando milhares de bancos entram em colapso, é que o capital social faz a
diferença.
É só fazer uma análise fria. Na
zona do euro, quais foram os países mais impactados pela crise econômica?
Portugal, Espanha, Grécia? E quais foram os que se mantiveram mais sólidos?
Alemanha, Dinamarca, Suécia, Finlândia? Compare o capital social desses países
e me deem a resposta.
E aí, fazendo uma análise ainda
mais fria do nosso próprio umbigo, vemos um cenário de baixíssimo capital
social, pouquíssima ética e uma população e um governo com prioridades
completamente diferentes do que é básico e necessário. Talvez precisemos de
mais 500 anos para amadurecermos.
Mercado Ético – A força do novo paradigma empresarial
Autores: Hazel Henderson & Simran
Editora: Cultrix / Amana-Key
** Cursos de sustentabilidade corporativa da AS Estratégia com 20% de desconto! http://goo.gl/jSH49N
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