Antes de escrever sobre o tema deste post, acho importante deixar claro que não sou comunista, nem socialista.
Sou, sequer, de esquerda. Na verdade, pouco importa minha convicção política. Mas
independente dela, não é porque eu não concordo com o sistema político cubano que deixarei de escrever
sobre coisas boas que acontecem por lá, principalmente se as coisas boas dizem
respeito à sustentabilidade.
Dito isto, vamos ao post.
Uma das atividades mais
impactantes para a sustentabilidade é a agricultura. Dados da Embrapa de 2011
apontam que do pouco da água existente no planeta que serve para consumo, aproximadamente
70% dela vai para a agricultura. Além da água, a agricultura também é a grande
responsável pelo consumo de energia e produtos químicos que destroem o solo,
como fertilizantes e inseticidas (sem contar que também contaminam cursos de
água próximos à produção).
Mas o que Cuba tem a ver com tudo
isso?
Todo mundo sabe que Cuba sempre
foi forte em agricultura, principalmente na produção de açúcar, certo? Se não
sabiam, ficaram sabendo agora. Pois bem, voltemos algumas décadas, quando o
país recebia ajuda financeira da, então, URSS e a tinha como principal parceira comercial. Naquela época Cuba praticava uma agricultura convencional, tão
impactante para o meio ambiente como a de qualquer outro país.
E aí que a reviravolta política que
aconteceu no mundo no final dos anos 80 e início dos anos 90 obrigou a pequena
ilha a mudar todo o seu processo agrícola. Para sobreviver. Enquanto era
financiada pela URSS, Cuba era altamente dependente de petróleo importado, de
pesticidas e, mesmo, de importação de alimentos, já que a produção de açúcar
ocupava 2/3 das terras cultivadas.
Com o fim da União Soviética, e
sem acesso a combustíveis fósseis e seus derivados, o governo cubano lançou uma
revolução agrícola que acabou por duplicar a produção de alimentos, ao mesmo
tempo em que produzia uma safra de exportação suficiente para manter flutuante
o câmbio da moeda do país. E como isso foi possível?
Através do uso de tecnologia
nativa, os agricultores mesclaram pesticidas e fertilizantes microbianos
fabricados localmente com a cultura de minhocas, a reciclagem de resíduos, o
controle biológico de pragas, a compostagem e outras práticas sustentáveis,
gerando uma agricultura orgânica de massa. Somado a essas técnicas agrícolas
locais, o modelo adotado ajudou a evitar o êxodo do campo para as cidades e
propiciou segurança alimentar para o país. Além disso, o modelo privilegiou a
venda direta do produtor para o consumidor, com preços de livre mercado.
O que Cuba foi obrigada a fazer
por necessidade de sobrevivência, o mundo hoje se encontra na iminência de ter
de fazer por necessidade ambiental e econômica, já que o fim do petróleo barato,
as restrições de carbono e a escassez de recursos tornarão a transição para uma
agricultura sustentável fundamental para o planeta.
E só para rechear com alguns
números o impacto da agricultura sustentável no meio ambiente e na economia:
- Fazendas orgânicas são de 20% a 56% mais eficientes em energia do que as de agricultura convencional;
- Redução em 30% das emissões de carbono e 90% das emissões de óxido nitroso;
- Os solos retêm cerca de 30% a mais de matéria orgânica (evitando, assim, a erosão);
- Além de emitir menos CO2, a produção orgânica sequestra o carbono, numa ordem de, dependendo da técnica utilizada, 370kg por hectare/ano.
- Produtos orgânicos alcançam preços premium que variam de 35% a 240% do preço de grãos comuns;
- Está projetado para 2014 um mercado global de produtos orgânicos de 96,5 bilhões de dólares.
E não deixe de conhecer nossa
agenda de cursos de sustentabilidade corporativa para o 1º semestre de 2014: http://goo.gl/mh7gbP