sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Como seria um capitalismo climático?

No ano passado ganhei, certamente, o melhor presente que alguém me deu nos últimos anos, o livro Capitalismo Natural. Lê-lo foi como tomar um soco no estômago. É desconcertante. Lembrar do capítulo que fala do carro de fibra de carbono dá, até hoje, arrepio na espinha. 

Pois bem, eis que em 2011 a “continuação” de Capitalismo Natural é publicada (aqui no Brasil foi lançada no final de 2013). Capitalismo Climático só não é um soco no estômago para quem já leu o primeiro livro e está familiarizado com a lógica de uma das autoras, L. Hunter Lovins. Mas é igualmente inovador e obrigatório a quem estuda, trabalha ou tem interesse em sustentabilidade corporativa.

De forma resumida, o livro prova, através de uma linguagem bem universal, a do retorno financeiro, o porquê de investir em uma indústria de baixo carbono compensa. E aí ele, obviamente e obrigatoriamente, entra na questão energética. O sexto capítulo, o que trata de um mundo sem petróleo, é simplesmente uma obra prima.

Ao contrário do que o lobby dos combustíveis fósseis faz-nos acreditar, L. Hunter Lovins e Boyd Cohen mostram que com a criação de um mercado voltado para a preocupação climática, não haverá perda de empregos e nem perdas econômicas. Pelo contrário, os empregos que hoje estão baseados em petróleo, gás e carvão se transformarão, além de novos serem criados, assim como a nova economia que surgirá.

Saindo do petróleo e indo para a energia elétrica, o livro trata de uma coisa mais do que óbvia, mas que o Brasil parece não entender: eficiência energética do que já tem é a melhor energia possível. Só depois disso é que devemos pensar em construir usinas de energia renovável. E aí, meu amigo, tomamos não só um soco no estômago, mas ganhamos, também, um baita cascudo.

O livro trata, ainda, da questão da construção sustentável e de sua importância para a economia de baixo carbono, principalmente por conta da manutenção dos prédios e do consumo energético deles. O livro também passa pela agricultura sustentável, pelo mercado de carbono e finaliza em tom apocalíptico que eu, espero, nunca chegue.

Capitalismo Climático trata de casos de sucesso onde a economia de baixo carbono e lucro deram as mãos. E também de como isso tem um efeito duplamente positivo: seja pelo lado financeiro, seja pelo lado ambiental e de minimização dos efeitos do clima. No entanto, ele finaliza com a ideia de que a mudança é inevitável e de como teremos de nos adaptar às mudanças climáticas. E não, eu não gostei nenhum pouco do que li. Foi um soco no estômago, um cascudo na cabeça e um dedo na ferida.

Capitalismo Climático - liderança inovadora e lucrativa para um crescimento econômico sustentável
Autores: Boyd Cohen / L. Hunter Lovins
Editora: Cultrix / Amana-Key


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