Dos nove últimos livros que li, cinco
tinham como tema central a sustentabilidade do ponto de vista da economia. Não
falo do tripé de finanças, falo sobre os preceitos clássicos de economia
analisados pela ótica da sustentabilidade. Um dos últimos que li foi Muito
além da economia verde, do professor Ricardo Abramovay. Li e gostei.
Gostei, primeiro, porque o livro não faz
cerimônias. Não, o que as empresas fazem hoje e estão dispostas a fazer num
futuro próximo não são, nem de longe, o suficiente. Como diz o professor, “Apesar do aumento na eficiência
material e energética da economia contemporânea, a pressão sobre os
ecossistemas continua a aumentar”.
Gostei, também, porque o livro
incomoda. Na verdade, confesso, Ricardo Abramovay me incomoda desde que li seu
artigo intitulado Metabolismo
social. A questão base é: com uma população que chegará, em breve, a
nove bilhões, uma classe média ávida por bens e o planeta sendo apenas um (e com
seus recursos naturais limitados), a nossa relação com o consumo terá de mudar.
Essa mudança começa lá em cima,
com as empresas, na questão ética e moral da produção (já
questionei, por exemplo, para onde vai o minério virgem - se para uma
indústria armamentista ou para a indústria de equipamentos médicos), passando a
bola para nós, pessoas, na forma de como as sociedades utilizam os produtos.
De que adianta, por exemplo, uma
indústria automobilística trabalhando em consonância aos preceitos de economia
verde, fabricando carros de fibra de carbono, leves, de baixo impacto
ambiental, com absurda eficiência no consumo de combustível, se as pessoas usam
o automóvel de forma individualizada, congestionando vias e tornando cada vez
mais estressante a relação homem x cidade?
Sob esse aspecto, torna-se
fundamental aliar o tripé economia verde, tecnologia e sociedade em rede. O compartilhamento
é a palavra-chave para viabilizar uma nova economia, completamente distinta do
que vem sendo feito nos últimos séculos. Uma economia que vai muito além da eficiência de
processos e permitirá um crescimento que meça, não somente a questão
financeira, mas também qualidade de vida e preservação ambiental. Ou seja, o verdadeiro "PIB"
Para finalizar, dois dados que me
chamaram muito a atenção e, talvez, sintetizem todo o contexto do livro:
De 2000 a 2011 a renda bruta per capita cresceu
32% no Brasil. No mesmo período, a expectativa de vida escolar caiu de 14,5
anos para 13,8 anos;
15% dos habitantes do globo consomem 90% dos
remédios que o setor farmacêutico coloca no mercado.
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