Vivemos em um mundo cuja população beira os sete
bilhões e em 2050 será de nove bilhões. Somado a isso, tem-se a projeção de que
em 2050 cerca de 90% da população viverá em grandes centros urbanos. No Brasil,
atualmente, 80% das pessoas já vivem nas cidades. Do ponto de vista da
sustentabilidade, a concentração urbana diversos problemas: violência, desemprego,
despejo irregular de esgoto, grande demanda energética, grande geração de
resíduos, pressão ainda maior na demanda por transportes públicos etc.
Diante deste cenário, o ideal seria pensar em uma arquitetura
e uma engenharia urbana que permitissem reduzir deslocamentos e auxiliassem na
minimização dos impactos. No entanto, apesar da evidente necessidade, há poucas
políticas públicas voltadas para o tema. E das existentes, quase nada é posta
em prática. Com isso, a responsabilidade acaba recaindo sobre a iniciativa
privada e cidadãos conscientes.
Enquanto ficamos à espera de atitude governamental, há
uma série de ações que podemos como dever de casa. Uma delas se refere à
sustentabilidade em condomínios e prédios. O primeiro passo é identificar os
impactos socioambientais gerados. Qual e como se dá o meu consumo energético? E
o meu consumo hídrico? Como é a destinação dos resíduos sólidos gerados pelos
moradores? Depois desses questionamentos iniciais, vem a pergunta do milhão: como
reduzir todo este consumo?
Um prédio/condomínio, para reduzir seu gasto
energético deve primeiro pensar em eficiência. Isto significa adotar, por
exemplo, sensores de presença para desligar a luz de áreas comuns aos moradores
e optar por lâmpadas de LED, que mesmo sendo mais caras, compensam não somente
pela vida útil, como pelo consumo de energia.
Num segundo momento é possível pensar em longo prazo
de forma que, até, se ganhe dinheiro com a geração de energia. Neste caso é
necessário um estudo para a implantação de células fotovoltaicas para geração de
energia solar. Lembrando que uma regulamentação federal recente permite que
qualquer pessoa que produza sua própria energia possa comercializar o excedente.
Do ponto de vista da água, no que diz respeito ao
consumo hídrico, um condomínio poderá adotar temporizadores e/ou arejadores
para torneiras, instalar cisternas para captação de água da chuva, ter um
planejamento de manutenção para evitar vazamentos, além de adotar hidrômetros individuais,
já que, muitas vezes, o desperdício é potencializado pelo fato de a conta ser
dividida por todas. Ah,
Outro ponto importante é destinação de resíduos. Talvez
esta seja a etapa mais complexa, pois envolve não somente a parte técnica, mas
também engajamento e mudança de comportamento. Aqui se trata não somente de realizar
parceria com cooperativas de catadores, buscar compradores para o material
reciclável ou capacitar funcionários para fazer a separação do lixo. Estou
falando de mobilizar e engajar moradores de que eles são corresponsáveis pelo
sucesso da iniciativa.
Enfim, soluções há. Muito trabalho também. É claro que
será necessário dispor de dinheiro para fazer os investimentos. Mas estamos
falando de investimento, que se paga ao longo do tempo. Estudos indicam uma
redução média de 30% no valor do condomínio. Sem contar nos benefícios gerados
para a sociedade e para o meio ambiente.