De alguns anos para cá tenho
ouvido muito falar da importância da rastreabilidade dos produtos, do
monitoramento da cadeia de fornecedores, da corresponsabilidade das empresas
com todo o processo. Ok, isso faz muito sentido em um mundo globalizado e da
forma integrada que aa sustentabilidade corporativa deve ser encarada.
Mas pensemos em fazer o caminho
contrário. Eu sou uma empresa. Quem usará o meu produto? Com qual finalidade
ele será utilizado? Não estou falando de como o produto será fabricado ou descartado;
estou falando da utilidade mesmo.
Sou uma mineradora. Qual será a destinação do ferro que eu vendo? Será que na transformação do ferro em aço, este será vendido para a indústria armamentista? Será que o ouro irá para a construção de equipamentos médicos que salvarão vidas ou alimentará um consumo desenfreado e na maioria das vezes fútil pelo luxo?
Nos produtos de commodities é
mais claro estabelecer a sustentabilidade reversa (ok, assumo que inventei esse
termo). Citei o bom e mau uso do minério extraído (não confundir bom uso do
minério com mineração sustentável), mas pergunto, o quanto de especulação do
preço do milho, por exemplo, se deu em 2012 por conta do lobby da indústria do
etanol e da gasolina? O que isso significou para a mesa do americano de baixa
renda que tem o produto como um dos principais alimentos de sua dieta?
Para falar dessa lógica nos
produtos manufaturados, é preciso entender marketing sustentável. Aqui não estou
falando de empresas utilizando o marketing clássico para promover produtos
sustentáveis. Há todo um processo diferente que trata tanto da integração do
marketing com outras áreas, como a legitimidade do produto, seja no quesito
aceitação social, seja na segurança do uso desse produto.
Aí, quando falo na sustentabilidade
reversa de produtos finais, seria algo mais ou menos assim: qual o nível seguro
para se beber cerveja ou fumar um cigarro, por exemplo, de forma que não
comprometa a integridade de terceiros? Porque o problema não é eu beber e assumir
o meu risco nesse ato. O problema é colocar em risco outras pessoas. Será que
meu produto potencializa o aumento violência, a perda de qualidade de vida ou
causa algum tipo de dano?
A questão é que durante muito
tempo acreditou-se que a responsabilidade de uma empresa acabava quando o produto
era vendido. Hoje tem logística reversa devolvendo a responsabilidade das
empresas pelo descarte. No entanto, quando falamos de sustentabilidade de
verdade, a responsabilidade da empresa simplesmente não acaba.
Empresa sustentável não significa
uma empresa que pratica a produção mais limpa aliada à eficiência operacional.
Empresa sustentável é aquela que se preocupa com o uso do seu produto e como
ele pode melhorar ou piorar a vida da população.
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Excelente artigo Julianna!
ResponderExcluirÉ preciso que as empresas façam esses tipos de questionamentos muito antes de pensar em fabricar seus produtos, pois só assim elas estão caminhando para a sustentabilidade.
Maria Odete A Pinho
Gestora Projeto AJO Ambiental
Bacana o texto!
ResponderExcluirMe fez pensar que ao invés das empresas terem seus projetos de Responsabilidade Social e Sustentabilidade ligadas a atividades sem qualquer afinidade com os seus negócios, poderiam utilizar sua "expertise" para criarem projetos relacionados a questão da Logística Reversa ou como você diz da Sustentabilidade Reversa!
Pensei errado?
Abraço