segunda-feira, 22 de julho de 2013

O que os economistas pensam sobre sustentabilidade?


Essa é uma pergunta instigante. Se olharmos a economia clássica, aquela que teve o ápice nos anos 80 e 90, diria que eles pensam muito pouco. Se olharmos para os últimos cinco anos, digo que o tema entrou na pauta, mas não mobilizou. A crise pela qual estamos passando (por mais que alguns teimem em dizer que foi só uma marolinha) vem deixando cicatrizes profundas e apontando a necessidade de se criar um novo modelo econômico.

Acredito que uma das saídas para a crise de 2008 tenha a ver com a sustentabilidade. Acredito não, tenho certeza. Mas a mudança é lenta e requer uma transformação muito complexa em empresas, governos, sociedades e na forma como estes três agentes se relacionam entre si e com o meio ambiente.

Apesar da dificuldade de se lidar com longo prazo e cenários críticos e, ao mesmo tempo, instáveis, questões relacionadas à energia, aquecimento global, perda de biodiversidade, escassez de água, população de nove bilhões de pessoas etc terão de ser enfrentadas com mais seriedade.

Por conta dos cenários que se desenham para o futuro, a sustentabilidade sai um pouco do eixo da engenharia, focada na ecoeficiência e na melhoria de processos e passa a dividir o sofá com a economia, que tratará de mercado de carbono, oferta x demanda de alimentos escassos, viabilidade financeira de tecnologias sustentáveis, a própria economia de baixo carbono, dentre outras questões.

Sabendo que a maioria das escolas de economia ainda ensina as mesmas teorias que se aprendia há 30 anos, a pergunta-chave, hoje, é: o que os economistas pensam sobre sustentabilidade? Para respondê-la, li o livro quase homônimo (no livro o título não é uma pergunta, mas uma afirmação), onde Ricardo Arnt, jornalista, entrevistou 15 renomados economistas brasileiros.

Uma leitura deliciosa. Em alguns momentos provocativa, em alguns momentos irritantes (principalmente com aqueles economistas old school que teimam em dizer que o mercado resolverá tudo), em muitos momentos reflexiva. Confesso que me surpreendi com a visão de sustentabilidade de alguns economistas, ao mesmo tempo em que me decepcionei com outros.

Por mais que em algumas situações (e aí está o grande barato do livro) o pensamento de um economista sobre determinado tema seja completamente antagônico a de outro, todos concordam com o papel que cabe a nós em relação à Amazônia e o fato da inviabilidade de se falar de crescimento zero em países em desenvolvimento, como Brasil, China e Índia.

Com isso fica a reflexão, já que somos um país em desenvolvimento, de como crescer de forma sustentável em um mundo próximo ao limite dos recursos naturais e com o fantasma das mudanças climáticas rondando a economia global. Resumindo: O que os economistas pensam sobre sustentabilidade é um baita livro e um convite à leitura para profissionais de todas as áreas, dos mais diversos setores.

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