O mundo está em crise. Sim, todos
sabemos. Desde 2008. As empresas estão passando por momentos delicados desde
então. Sim, todos também sabemos. Sendo o Brasil um país, fundamentalmente, de
commodities, isso fica ainda mais evidente. Mas o que vem acontecendo na área
de sustentabilidade das empresas não é apenas reflexo da crise mundial. É resultado
de um desaprendizado.
Não estou falando isso com base
em achismo. Estou sentindo na pele. Nunca houve tantas contratações e tantas
portas abertas para consultorias de sustentabilidade como os anos de 2011 e
2012. E o que mais empolgava era que se via uma intensão das empresas em fazer
algo mais alinhado às estratégias de negócios. Algo muito além do basicão da
responsabilidade social e ambiental.
Mas aí o ano mudou e parece que
um tsunami passou. Muito antes de a EBX anunciar o fim da área de
sustentabilidade, a Vale já tinha passado o rodo, dizimando as áreas que tratavam
de questões relacionadas à inteligência para sustentabilidade. Sustentabilidade,
hoje, para a Vale se resume a obrigatoriedades legais e GRI. Outras empresas
também demitiram. Isso sem falar no mercado de consultoria, que está
completamente estagnado. Fico aqui confabulando com meus botões se 2011 e 2012 não foram apenas reflexo da Rio+20.
E aí eu me pergunto o que, de
fato, está acontecendo com a sustentabilidade corporativa. Falar que a culpa é
da crise mundial é ser simplista demais. A crise está aí desde 2008. O Brasil
tem muita coisa para resolver internamente para evitar ficar à mercê de
cenários externos. Volto à questão do
desaprendizado. Ou vou mais fundo: do próprio aprendizado.
No início de junho estava em um evento onde
uma pessoa da área de sustentabilidade de uma empresa apresentava um projeto
(muito bom, por sinal). Perguntei o quanto a empresa deixou de gastar por conta
do projeto e o que ele significava em termos de melhoria de negócio. A reação
da pessoa foi como se eu tivesse ofendido e a resposta a pior possível: não medimos isso porque não
é prioridade. O que importa é que temos de fazer.
Gente, não se engane, é assim
que funciona na maioria esmagadora das organizações. Falta de entendimento da
empresa a respeito do que é sustentabilidade de verdade + falta de visão de negócios
por parte de quem está conduzindo a área de sustentabilidade + crise econômica
= crise braba na área de sustentabilidade.
Aí, quando uma empresa está
passando por problemas graves, como é o caso da EBX, vem o financeiro fazendo
corte e, adivinhem, onde eles vão reduzir gasto? Em áreas que não geram
dinheiro, apenas reputação, ou que existem porque é o que a empresa tem de
fazer.
Eu me pergunto: de quem é a
culpa? Sim, a culpa é dos cabeças das empresas que têm visão tacanha a respeito
da sustentabilidade. Também. E quanto a isso pouco pode ser feito em curto
prazo a não ser educar, educar, educar. Mas tem outra parcela de culpa aí que é
da própria área, que, na maioria das vezes, se comporta como se tivesse a
missão de mudar o mundo.
Enquanto a área de sustentabilidade
corporativa mantiver essa aura de pessoas felizes + somos amiga da natureza e não se posicionar como uma área que ajuda a empresa a melhorar o seu negócio,
vai ser uma das áreas mais suscetíveis à queda em
momentos de crise. E, como efeito cascata, vai contaminar toda a cadeia criada
em torno da inteligência para a sustentabilidade, gerando um retrocesso de só
se trabalhar respondendo requisitos legais.
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