Ultimamente tenho lido muito
sobre sustentabilidade. Muito mesmo. E tenho tristes constatações. Uma delas
é que nunca se falou tanto em sustentabilidade como nos anos 2000, ao mesmo
tempo em que esta foi simplesmente uma década perdida para a sustentabilidade
nas empresas.
O último livro lido foi o recém-lançado
“A desgovernança mundial da sustentabilidade” do professor de economia José Eli
da Veiga, publicado pela Editora 34. O livro não é sobre sustentabilidade corporativa, mas de relações
internacionais a partir da ótica da sustentabilidade. Fazendo um apanhado
histórico de conferências, tratados, protocolos e uma série de encontros e
documentos que, ao longo do último século, vêm tentando colocar a
sustentabilidade na pauta dos países.
Apesar de não ter sido o início
das conversas sobre meio ambiente, Estocolmo-72 foi o pontapé para se criar uma
agenda mundial de desenvolvimento sustentável. A título de curiosidade, foi a
partir de conferência de 72 que surgiu o PNUMA (Programa das Nações Unidas para
o Meio Ambiente) e daí surgiram as COPs (Conferência das Partes).
O livro aponta as dificuldades de
se chegar a um acordo e a um plano de ações que englobe tanto as questões
ambientais quanto as sociais. O autor cita o sucesso da adesão ao Protocolo de
Montreal a partir de 1987, que propôs substituir as substâncias nocivas à
camada de ozônio, mas alfineta uma grande verdade: a de que o que fora proposto
por governos e órgãos internacionais até hoje, muito pouco ou quase nada saiu
do papel.
Assim como a lógica empresarial
desde a revolução industrial, a verdade é que o motivo pelo fracasso de muitas propostas
para o desenvolvimento sustentável tem uma única razão: dinheiro. Com a
desculpa de que reduzir as emissões de gases do efeito estufa diminuiria as
atividades industriais, os EUA não assinaram o Protocolo de Kyoto; com a
desculpa de que a prioridade era resolver a crise econômica, o mundo inteiro
deu às costas para a Rio+20.
A questão é que mesmo o PNUMA, a UNESCO
e diversos outros órgãos tentando uma coalização mundial em torno da questão da
sustentabilidade, a gente vê muito pouca boa vontade dos Estados, seus
ministros da fazenda e de planejamento. E enquanto isso, o fantasma das mudanças
climáticas está cada vez mais real, a perda da biodiversidade cada vez mais
ameaçadora e a água sendo cogitada um fator de futura guerra.
Resumindo, “A desgovernança da mundial
da sustentabilidade” é um livro para entender o jogo político que envolve a
sustentabilidade e a dificuldade de colocá-la em uma pauta estratégica dos
países. E o melhor: um livro super atualizado, já tratando do que (não)
aconteceu na Rio+20.
Mais informações: http://www.editora34.com.br/detalhe.asp?id=761&busca=desgovernan%E7a
E
não esqueçam! Cursos de sustentabilidade da AS estratégia e gestão sustentável
em julho e agosto no Rio e SP http://goo.gl/Jv6Vg
Quer levar a palestra "Sustentabilidade, empreendedorismo e inovação" para a sua universidade?
http://goo.gl/SPU9e
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Obrigada pela dica de leitura.
ResponderExcluirSuas tristes constatações são minhas tambem, os anos passam e não vejo nada ser feito. Ha dois anos, por exemplo, ouvi falar sobre a dragagem do Canal de Marapendi... nada... nada em 20 anos, na verdade.
Bjs