quinta-feira, 27 de junho de 2013

A desgovernança mundial da sustentabilidade


Ultimamente tenho lido muito sobre sustentabilidade. Muito mesmo. E tenho tristes constatações. Uma delas é que nunca se falou tanto em sustentabilidade como nos anos 2000, ao mesmo tempo em que esta foi simplesmente uma década perdida para a sustentabilidade nas empresas.

O último livro lido foi o recém-lançado “A desgovernança mundial da sustentabilidade” do professor de economia José Eli da Veiga, publicado pela Editora 34. O livro não é sobre sustentabilidade corporativa, mas de relações internacionais a partir da ótica da sustentabilidade. Fazendo um apanhado histórico de conferências, tratados, protocolos e uma série de encontros e documentos que, ao longo do último século, vêm tentando colocar a sustentabilidade na pauta dos países.

Apesar de não ter sido o início das conversas sobre meio ambiente, Estocolmo-72 foi o pontapé para se criar uma agenda mundial de desenvolvimento sustentável. A título de curiosidade, foi a partir de conferência de 72 que surgiu o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e daí surgiram as COPs (Conferência das Partes).

O livro aponta as dificuldades de se chegar a um acordo e a um plano de ações que englobe tanto as questões ambientais quanto as sociais. O autor cita o sucesso da adesão ao Protocolo de Montreal a partir de 1987, que propôs substituir as substâncias nocivas à camada de ozônio, mas alfineta uma grande verdade: a de que o que fora proposto por governos e órgãos internacionais até hoje, muito pouco ou quase nada saiu do papel.

Assim como a lógica empresarial desde a revolução industrial, a verdade é que o motivo pelo fracasso de muitas propostas para o desenvolvimento sustentável tem uma única razão: dinheiro. Com a desculpa de que reduzir as emissões de gases do efeito estufa diminuiria as atividades industriais, os EUA não assinaram o Protocolo de Kyoto; com a desculpa de que a prioridade era resolver a crise econômica, o mundo inteiro deu às costas para a Rio+20.

A questão é que mesmo o PNUMA, a UNESCO e diversos outros órgãos tentando uma coalização mundial em torno da questão da sustentabilidade, a gente vê muito pouca boa vontade dos Estados, seus ministros da fazenda e de planejamento. E enquanto isso, o fantasma das mudanças climáticas está cada vez mais real, a perda da biodiversidade cada vez mais ameaçadora e a água sendo cogitada um fator de futura guerra.

Resumindo, “A desgovernança da mundial da sustentabilidade” é um livro para entender o jogo político que envolve a sustentabilidade e a dificuldade de colocá-la em uma pauta estratégica dos países. E o melhor: um livro super atualizado, já tratando do que (não) aconteceu na Rio+20.



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Um comentário:

  1. Obrigada pela dica de leitura.
    Suas tristes constatações são minhas tambem, os anos passam e não vejo nada ser feito. Ha dois anos, por exemplo, ouvi falar sobre a dragagem do Canal de Marapendi... nada... nada em 20 anos, na verdade.

    Bjs

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