quarta-feira, 17 de abril de 2013

A sustentabilidade do ponto de vista do trabalho


Apesar de pouco ter escrito nos últimos meses, a pauta aqui é basicamente uma: sustentabilidade focada na estratégia e nos processos das empresas. Mas e se pararmos para pensar na questão do trabalho das pessoas? Não estou falando das pessoas que trabalham na área de sustentabilidade e, muito menos, de como tornar a sua área mais sustentável.

Quando uma empresa está em processo de transformação para a sustentabilidade, sabemos que os processos de negócio e operação mudam. Mas não é apenas as atividades que mudam. A forma de se trabalhar também muda e aí estamos falando de dois impactos. Um pode ser minimizado com o gerenciamento da mudança, que significa, fundamentalmente, comunicação e treinamento. Mas e o impacto na pessoa e na sustentabilidade do trabalho?

Antes da resposta, pergunto: afinal, o que seria um trabalho sustentável?

Não adianta uma empresa trabalhar orientada para um processo sustentável, de forma a reduzir consumo de água, energia ou matéria prima, de forma a alcançar eficiência operacional, de forma a reduzir seus custos e seu impacto no meio ambiente, se o alcance da sustentabilidade do processo, se a execução por parte das pessoas se dá, digamos, de uma forma insustentável.

Pode parecer clichê, já que o discurso é bem conhecido e bem disseminado nas empresas, mas aqui estamos falando daquele basicão de RH mesmo. É responder perguntas do tipo: a execução do trabalho afeta a minha saúde física e/ou mental? O ambiente de trabalho compromete minha saúde de alguma forma? Sou submetido/a a jornadas exaustivas de trabalho? Qual o impacto do trabalho na minha qualidade de vida fora do ambiente corporativo?  Quais perspectivas a empresa tem para mim e o que ela projeta de carreira para mim em longo prazo? O meu trabalho me motiva?

Repito: parece clichê e mesmo óbvio tratar desse assunto, uma vez que está na ponta da língua de praticamente todas as empresas, afinal, ninguém quer posar de vilã! Mas quantas efetivamente colocam isso em prática? Quantas se dão conta de que muitas vezes o não alcance de metas não são falhas individuais, mas sim o reflexo de um sistema de produção falho?

Se pensarmos do ponto de vista de recursos de uma empresa, eles têm um custo de aquisição, de depreciação, tem o tempo de vida útil, a obsolescência e, consequentemente, o descarte. No entanto, os recursos humanos, obviamente, não passam por esse processo. Além disso, são, dentre todos os recursos produtivos, os únicos que podem se desenvolver, enquanto os outros, no máximo, podem ser preservados.

Com isso em mente, a questão aqui não é aumentar a vida útil do recurso, mas o de criar mecanismos que permitam as pessoas se desenvolverem e retornarem esse desenvolvimento em forma de maior rentabilidade para empresa, afinal, qual o custo anual com absenteísmo, turnover, acidente de trabalho, baixa produtividade e afins?

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