Já escrevi algumas vezes sobre o
fato de a inovação e a sustentabilidade andarem juntas e do quanto isso é importante
para as empresas. Tão importante, que a, então, Agência de Sustentabilidade,
outrora uma empresa de gestão de processos e planejamento estratégico
sustentável se reposicionou e hoje atua como uma empresa de pesquisa e inovação
sustentável.
E por que, afinal, a inovação e sustentabilidade
andam juntas e são tão importantes para o futuro de uma organização? Pensemos:
quais são os grandes problemas que as empresas devem enfrentar num futuro de longo
prazo? De cara diria dois muito básicos: mudanças climáticas e escassez de
recursos naturais. E qual o impacto desses fatores em empresas de diversos setores,
como commodities, infraestrutura e mesmo manufatura?
Pois é, não sabemos exatamente o
que vai acontecer com uma empresa de bens de consumo, por exemplo, quando a
água realmente se tornar um bem escasso ou quando o pagamento pelo seu uso deixar
de ser na base das moedinhas; não sabemos o que será do futuro da construção
civil quando a matéria prima atingir valores que inviabilizem um negócio; não
sabemos o impacto que terá o agronegócio se a temperatura aumentar um ou dois
graus.
Por não termos resposta do real impacto
da sustentabilidade corporativa no negócio de uma empresa, é que precisamos buscar
saídas para que esses impactos sejam minimizados. E uma das saídas, talvez a
mais eficiente, é através da inovação. Acontece que falar de inovação no Brasil
é relativamente complicado, pois muitas vezes empresas e academia têm um
diálogo difícil e a teoria acaba não se tornando prática.
É por essa dificuldade diálogo
que há de se aplaudir quando vemos iniciativas que aproximam a realidade do
mercado à realidade das universidades do país. Uma dessas iniciativas surgiu em
2008, quando foi criado o Prêmio Odebrecht para Desenvolvimento Sustentável, através
da premissa do grupo de que a resposta para as principais questões e desafios
da atualidade está nas salas de aula.
O objetivo do Prêmio é reconhecer
e incentivar jovens universitários que se propõem a pensar engenharia a partir
da perspectiva da sustentabilidade e gerar conhecimento a respeito do tema. Na
edição de 2012 foram premiados cinco projetos de quatro regiões do país, o que
é um bom indício de que pesquisas sobre sustentabilidade não estão restritas a
poucos polos. Os prêmios totalizaram R$ 300.000,00, onde autor/es de cada
projeto recebeu R$ 20.000,00, assim como o orientador e a universidade.
Alguns projetos encantam pela
simplicidade, como o projeto que propõe uma nova abordagem para o esgoto sanitário
de comunidades isoladas, e outros encantam pelo impacto quando implantado, como
o que propõe o uso da verga para controle solar, permitindo, assim, melhor uso
da luz natural. Sem contar, ainda, o projeto que me encheu os olhos ao propor a
geração de combustíveis sólidos e gasosos através do uso de resíduos da biomassa
da construção civil.
Alô Petrobras, olha a economia de
baixo carbono ciscando no seu terreno!
Pois bem, na semana passada, para
coroar essa iniciativa, além da festa de premiação dos projetos vencedores de
2012, foi possível conhecer um dos principais (talvez, quem sabe?, o principal)
projetos em execução no Rio de Janeiro, que é a obra do Porto Maravilha. Para entender
a importância, é só lembrar o que a revitalização do porto significou para a
cidade de Barcelona ou para Sydney, que, coincidentemente, receberam jogos
olímpicos.
O projeto do porto, independente
da Rio-2016, é sensacional e vai colocar a cidade em um novo patamar não
somente de modernidade, mas também de educação, principalmente educação social
e ambiental.
Pelo que vi lá, pelo que já tinha
de informação sobre o projeto, meu único desejo é que a experiência na região
seja muito bem sucedida e sirva de piloto para o resto da cidade e para o
restante da população, que precisa de uma grande aula de cidadania e
coletividade, além de cuidado com o bem público.
Para saber mais sobre o Porto
Maravilha: