Já escrevi aqui antes sobre a importância
da área de relações institucionais para a sustentabilidade das empresas,
principalmente aquelas que por conta da natureza de suas operações acabam tendo
de assumir, por diversas vezes, papeis que cabem ao governo. Mais do que as requisitos
legais, falar de RI é falar de uma licença para operar cujo termômetro, na
verdade, não vem das obrigações impostas pelos órgãos governamentais, mas sim
de comunidades/organizações impactadas pela operação.
Pergunto: o que fazer, por
exemplo, quando o MST invade uma fazenda produtiva? O que fazer quando a ferrovia
que a Vale usa para escoar o minério em São Luís é interditada? O que fazer
quando uma obra é paralisada por conta de conflitos internos, como aconteceu
com Jirau? Não estou falando de lei. Até porque nesses casos, a lei é favorável
às empresas. Estou falando de legitimidade. Do aval positivo da sociedade e
demais stakeholders para operar.
O que costumamos ver em situações
como essa é o confronto. Não que esteja errada a atitude. Como disse, a lei é
favorável às empresas e a atitude delas é apenas fazer valer seus direitos. Mas
a questão é: é efetivo? Quantas vezes a Vale não teve problemas por interdição
na ferrovia? Quantos os conflitos de Jirau custou ao consórcio?
Uma das principais
responsabilidades da área de RI é justamente propor diálogos com seus
stakeholders. É trazê-los para dentro da empresa e juntos procurarem um ponto
de equilíbrio onde os interesses de um não inviabilizem a atuação de outro. De forma
alguma um diálogo desses é simples. Pelo contrário, na maioria das vezes ele é
tenso, desgastante e, pode, até, não dar em nada.
Mas mesmo com toda a complexidade,
não fazer nada não pode ser uma opção, principalmente quando se trata de
empresas cujo impacto socioambiental é muito grande. Em um mundo multistakeholder,
em um mundo ultraconectado, em um mundo de forte mobilização e engajamento, simplesmente
cumprir a lei e fazer valer os seus direitos é muito pouco.
Quanto às perguntas anteriores,
sobre invasão de fazendas produtivas, paralisação de ferrovia ou obras
importantes, o que fazer nessas ocasiões é uma incógnita. As respostas são
individuais e vai depender de como o relacionamento entre organizações e partes
interessadas será conduzido. Mas são respostas que as empresas só terão caso se
disponham a ver “os outros” não como inimigos, mas sim como parceiros com
interesses legítimos e que juntos podem fazer uma empresa, efetivamente, mais
sustentável.
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