Acompanho muito de perto as
movimentações de sustentabilidade corporativa tanto do ponto de vista de
negócios, quanto de empregabilidade. Saber que tipo de profissional as empresas
estão contratando é uma sinal claro que elas dão de suas necessidades, de onde
o calo aperta e como lidam com o assunto tanto internamente, quanto
externamente.
Nos últimos meses tenho visto um boom de vagas abertas para a área de
relações institucionais ou relações com comunidades. Não é à toa que isso
acontece. Com a área de infraestrutura a mil e a vocação do país para as
commodities, as empresas sabem que para um bom relacionamento com o seu entorno
e, consequentemente, uma operação sem sobressaltos, é necessário muito mais que
projetinhos sociais de música ou esporte.
Saindo da realidade da maioria
dos que leem esse blog, indo para o interiorzão do Brasil, que é onde se
encontra a maioria das unidades produtivas das empresas (principalmente as
extrativistas), vemos o quão estratégico e importante é o trabalho do
profissional de RI. É um trabalho extremamente delicado, pois lida, muitas
vezes, com cobranças que, na verdade, não deveriam ser de responsabilidade de
empresas.
A área de RI se relaciona com multistakeholders que, naturalmente, têm
interesses muito variados. Alcançar a unanimidade é quase impossível e é
preciso um trabalho bastante criterioso para saber qual grupo de interesse se
deve atender plenamente em detrimento de outro e o impacto que isso gera na
empresa.
Há, ainda, uma linha muito tênue
entre a filantropia e a relação com comunidades. Em muitos casos, RI/RC
funciona doando dinheiro, mas são doações cujo impacto e interesse são muito
maiores do que apenas o retorno de imagem ou a pose de empresa boazinha. O que
está em jogo aqui é, simplesmente, a viabilidade de operação do negócio.
Para vocês terem ideia do que
estou falando, em muitas cidades, a empresa acaba tendo de fazer um papel que,
em tese, é do governo. Repito: não são projetos musicais, esportivos ou mesmo
geração de renda. É construir escola, hospital, asfaltar rua, iluminação,
segurança... E para dar mais emoção, têm-se os meandros da relação
setor-público x setor-privado, porque, na verdade, o dinheiro neste caso é privado,
mas a execução é pública.
Por mais que não esteja ligada,
diretamente, ao core business, se
pensarmos em um planejamento estratégico sustentável, dependendo do segmento de
atuação da empresa, é fundamental estabelecer um plano estruturado para RI. Alguém
imagina, por exemplo, o que seria, hoje, a cidade de Parauapebas, onde fica o
distrito de Carajás, sem a intervenção da Vale?
Ou melhor, alguém acha que a Vale
conseguiria alguma coisa lá sem ter investido no desenvolvimento da cidade? E
aí não falo só de licenciamento ambiental, concessões públicas ou direito de
extrair minério. Falo do básico mesmo, de proporcionar uma infraestrutura que atraísse
e retivesse mão de obra para a operação de seu negócio na região.
Trazendo a importância da área
para uma realidade menos remota, alguém imagina a bomba relógio que seria a
REDUC sem uma atuação da Transpetro nas comunidades do entorno? Ou então vocês
acham que a Linha Amarela seria viável se não tivesse uma equipe da Invepar
trabalhando constantemente com as comunidades que cercam os 20km de pista?
E não se esqueçam:
Curso de Introdução à
sustentabilidade corporativa em junho no Rio de Janeiro / RJ - Dias 14 e 15 de
junho/2012. Mais informações: http://migre.me/9e0wa