Demorou, mas finalmente o assunto
entrou em pauta. Ao menos no Rio de Janeiro. Para comemorar (comemorar?) os 20
anos de Rio-92, acontecerá este ano, dos dias 20 a 22 de junho, a Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Ou, simplesmente, Rio +20.
Mídia, governo e sociedade acordaram e agora só se fala no evento.
Com a presença confirmada de mais
de 100 chefes de estado, o evento deste ano nem de longe terá a importância do
que foi 20 anos atrás. Na ocasião, vivíamos em um mundo onde o terceiro setor
ganhava força, um mundo recém-informado a respeito do Relatório de Brundtland e
do conceito de desenvolvimento sustentável. Um mundo que ainda não convivia com
as mudanças climáticas, mas temia-as.
A bem da verdade é que não tenho
muitas esperanças a respeito da Rio+20. A bem da verdade, ainda não entendi o
seu real motivo. Não fizemos o dever de casa nesse tempo e não sei se há
intenção de se fazer daqui para frente. Ok, o que era apenas um temor, hoje é
uma realidade que joga o custo de produção das empresas lá para cima, que joga
pessoas cada vez mais para os centros urbanos sem estrutura para super populações.
Não sei se a maioria sabe, mas em
2002 aconteceu na África do Sul a chamada Rio+10, que tinha como objetivo discutir a redução da pobreza e proteção do meio
ambiente. Não deu em nada. Não sei se a maioria sabe, mas a COP não começou em
Copenhagen em 2009. Ela acontece desde 1995 e este ano estará na sua 18ª
edição. Inclusive, não sei se sabem, mas foi em uma COP, a de 1997, que se
estabeleceu o Protocolo de Kyoto, aquele mesmo que os EUA se recusaram a
assinar.
Vinte anos se passaram, muitos encontros foram realizados, muitos
acordos e tratados assinados, mas pouco, muito pouco foi feito. Vinte anos se
passaram e ainda morre-se muito por doenças banais, desmata-se muito pelo lucro
excessivo, explora-se muito a base da pirâmide. E agora ainda temos o peso de
sete bilhões de pessoas nas costas.
Para quem não sabe, a matriz energética brasileira está ficando cada
vez mais suja. A qualidade de vida nas grandes cidades está piorando com o
passar dos anos. No Brasil, a passividade da sociedade e do setor público
beneficiam empresas que agem de má fé. Alguém se lembra que em 2010 a CSN foi
multada por infrações ambientais umas três vezes seguidas? Pois é, a multa não
foi e, acredito eu, nunca será paga.
E a CSA, que iniciou a operação sem licenciamento e estava deixando a
população de Santa Cruz doente? Alguém se lembra dela ou a escola “doada” para
comunidade deixou todo mundo bem de saúde novamente? E a Chevron, quanto vai
pagar pelo derramamento de óleo, se é que vai pagar?
A questão é que muito se fala,
muito se planeja, mas pouco, ou melhor, nada se faz. Ninguém, nenhum país,
nenhuma empresa, quer abrir mão de “crescimento” em prol do desenvolvimento
sustentável. E enquanto ficar esse jogo de empurra, onde quem tem de fazer é o
outro, a única certeza que eu tenho é que se a Rio+20 vai servir para alguma
comemoração, é o do fracasso do protocolo de Kyoto e dos Objetivos do Milênio.
Lembram do concurso “Pensando em
Sustentabilidade Corporativa?” Pois bem, os vencedores:
1º lugar: Carlos Eduardo Cassaú
2º lugar: Ticiana Hugentobler
3º lugar: Vilma Albuquerque
Entrarei em contato com os vencedores
a respeito da premiação.
E finalizando: Inscrições abertas
para o curso
de introdução à
sustentabilidade corporativa em SP dias
20 e 21 de abril. Mais informações:
http://migre.me/8qIq5