Então que, finalmente, alguém
botou em números toda a intangibilidade da sustentabilidade. Ou melhor, alguém
expressou em números o valor do risco e da conta a ser paga por anos e anos de
gestão focada unicamente em lucro e extração de recursos naturais. Para se ter
uma ideia, aqui no Brasil, não se paga pelo consumo de água, mas pelo uso dela.
Acredito que isso ocorra porque, durante muito tempo, acreditou-se que a água
era um bem infinito. Hoje sabemos que não, mas a prática permanece a mesma.
Divulgado em fevereiro desse ano,
o white paper da KPMG intitulado “Expect
the unexpected: building the business value in a changing world”
(Espere o inesperado: construindo valor para os negócios em um mundo de
mudança) lista as dez megaforças que afetarão profundamente e globalmente o
mundo corporativo nos próximos vinte anos. E parte de uma premissa muito básica:
até hoje a maioria das empresas não coloca os custos ambientais na
contabilidade e nem no balanço financeiro.
É claro que o dinheiro utilizado
para outorga de poços, reflorestamento, controle de emissões, para estudos de arqueologia e afins são contabilizados. As empresas são obrigadas a gastar dinheiro. Além disso, eles são custos diretos. Mas e quando a gente fala
daqueles custos indireto, cujo problema só aparece ao longo do tempo? Será
que as empresas estão preparadas para uma administração estratégica que tenha de levar
isso em conta? Falando em conta, para onde e para quem ela será enviada?
Segundo o paper da KPMG, as dez
megaforças são: mudanças climáticas, energia e combustíveis, escassez de
recursos materiais, escassez de água, crescimento populacional, riqueza,
urbanização, segurança alimentar, declínio do ecossistema e desmatamento. E algumas chamam muita atenção, principalmente a riqueza.
Segundo a OCDE, entre 2010 e 2030
a chamada classe média (indivíduos que vivem com rendimento entre U$10 e U$100
por dia) crescerá 172%. Isso é o sonho dourado para qualquer órgão social que
combate a desigualdade e o paraíso para as empresas, que estão vendo sua base
de consumo aumentar absurdamente. Mas haverá recursos naturais suficientes para
atender a demanda?
Se pararmos para pensar, as 10
megaforças estão intrinsecamente relacionadas. É a velha relação de causa e
efeito que permeiam a sustentabilidade, mas que só agora estamos percebendo
isso. Não adianta as empresas, os governos, os organismos mundiais
e a Rio+20 atacarem um ou alguns dos problemas. Todas elas somadas a
outros problemas não destacados no estudo (principalmente problemas sociais)
são tanto causa, como consequência desse panorama preocupante. Afinal, mudanças
climáticas é efeito de uma maior riqueza ou uma das causas da urbanização?
Ah, a conta. Segundo o estudo, os
custos ambientais (aqueles cuja maior parte não entra nos balanços financeiros)
são de US$0,41 para cada US$1 ganho. E que na medida em que o tempo passa, o valor
aumenta. Hoje esse dinheiro está na ordem de US$ 846 bilhões, dobrando a cada
14 anos.
E aí, empresa, você já parou para pensar que, independente do seu
tamanho ou segmento, parte desse problema também é seu?
E não se esqueçam:
Matrículas abertas para o curso de
planejamento estratégico sustentável no Rio de Janeiro dias 30 e 31 de março. Mais
informações: http://migre.me/8aLYc
Concurso “Pensando em Sustentabilidade
Corporativa”. Envie sua ideia até o dia 06 de abril. Mais informações: http://migre.me/8gbnb
Formulário de participação do H² Sustentável dia 30 de março – http://migre.me/8gatq
Pesquisa a respeito da viabilidade de
se aplicar o curso de introdução à sustentabilidade corporativa nos dias 20 e
21 de abril em São Paulo: http://bit.ly/x6LiKs