segunda-feira, 19 de março de 2012

O preço da insustentabilidade corporativa


Então que, finalmente, alguém botou em números toda a intangibilidade da sustentabilidade. Ou melhor, alguém expressou em números o valor do risco e da conta a ser paga por anos e anos de gestão focada unicamente em lucro e extração de recursos naturais. Para se ter uma ideia, aqui no Brasil, não se paga pelo consumo de água, mas pelo uso dela. Acredito que isso ocorra porque, durante muito tempo, acreditou-se que a água era um bem infinito. Hoje sabemos que não, mas a prática permanece a mesma.

Divulgado em fevereiro desse ano, o white paper da KPMG intitulado “Expect the unexpected: building the business value in a changing world” (Espere o inesperado: construindo valor para os negócios em um mundo de mudança) lista as dez megaforças que afetarão profundamente e globalmente o mundo corporativo nos próximos vinte anos. E parte de uma premissa muito básica: até hoje a maioria das empresas não coloca os custos ambientais na contabilidade e nem no balanço financeiro.

É claro que o dinheiro utilizado para outorga de poços, reflorestamento, controle de emissões, para estudos de arqueologia e afins são contabilizados. As empresas são obrigadas a gastar dinheiro. Além disso, eles são custos diretos. Mas e quando a gente fala daqueles custos indireto, cujo problema só aparece ao longo do tempo? Será que as empresas estão preparadas para uma administração estratégica que tenha de levar isso em conta? Falando em conta, para onde e para quem ela será enviada?

Segundo o paper da KPMG, as dez megaforças são: mudanças climáticas, energia e combustíveis, escassez de recursos materiais, escassez de água, crescimento populacional, riqueza, urbanização, segurança alimentar, declínio do ecossistema e desmatamento. E algumas chamam muita atenção, principalmente a riqueza.

Segundo a OCDE, entre 2010 e 2030 a chamada classe média (indivíduos que vivem com rendimento entre U$10 e U$100 por dia) crescerá 172%. Isso é o sonho dourado para qualquer órgão social que combate a desigualdade e o paraíso para as empresas, que estão vendo sua base de consumo aumentar absurdamente. Mas haverá recursos naturais suficientes para atender a demanda?

Se pararmos para pensar, as 10 megaforças estão intrinsecamente relacionadas. É a velha relação de causa e efeito que permeiam a sustentabilidade, mas que só agora estamos percebendo isso. Não adianta as empresas, os governos, os organismos mundiais e a Rio+20 atacarem um ou alguns dos problemas. Todas elas somadas a outros problemas não destacados no estudo (principalmente problemas sociais) são tanto causa, como consequência desse panorama preocupante. Afinal, mudanças climáticas é efeito de uma maior riqueza ou uma das causas da urbanização?

Ah, a conta. Segundo o estudo, os custos ambientais (aqueles cuja maior parte não entra nos balanços financeiros) são de US$0,41 para cada US$1 ganho. E que na medida em que o tempo passa, o valor aumenta. Hoje esse dinheiro está na ordem de US$ 846 bilhões, dobrando a cada 14 anos. 

E aí, empresa, você já parou para pensar que, independente do seu tamanho ou segmento, parte desse problema também é seu?

E não se esqueçam:

Matrículas abertas para o curso de planejamento estratégico sustentável no Rio de Janeiro dias 30 e 31 de março. Mais informações: http://migre.me/8aLYc

Concurso “Pensando em Sustentabilidade Corporativa”. Envie sua ideia até o dia 06 de abril. Mais informações: http://migre.me/8gbnb

Formulário de participação do H² Sustentável dia 30 de março – http://migre.me/8gatq
Pesquisa a respeito da viabilidade de se aplicar o curso de introdução à sustentabilidade corporativa nos dias 20 e 21 de abril em São Paulo: http://bit.ly/x6LiKs

2 comentários:

Ana Paula Gomes Soares disse...

Oi ! Podes me dar dicas para dinamicas de grupo trainee?
obrigada!

Ana Paula Gomes Soares disse...

meu email é doceangell@hotmail.com

beijosss