quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Nivelando a sustentabilidade corporativa por baixo

Iria escrever um post com base no burburinho da proibição das sacolas plásticas, mas acabei de receber um email com a lista das 100 empresas mais sustentáveis do mundo. Ó, vamos comemorar, a Natura ficou em segundo! Comemorar? Que tal fazermos uma análise mais criteriosa desse ranking?

A primeira colocada, a Novo Nordisk, teve um score de 74.37%. Em qualquer outra situação esse é um score aceitável. Mas não para a primeira colocada. A Natura, segunda colocada, teve um score de 67.09%. Se fosse um aluno na universidade, sequer teria passado. Imagina ficar em segundo lugar com uma nota dessas.

Depois da Natura, a empresa brasileira melhor posicionada foi o Bradesco, na 61ª colocação e o mísero score de 32,91%. Façamos uma análise bem crítica não do Bradesco, mas deste ranking ou, quem sabe, do Dow Jones Sustainability Index. O Bradesco faz parte do DJSI, assim como o Itaú. Sendo que o Itaú é o líder mundial de serviços financeiros. Aí eu pergunto: qual dos dois critérios foi incoerente? Porque o Itaú não aparece no top 100. Quem realmente é mais sustentável?

A terceira e última empresa brasileira da lista é a Petrobras, em 81º lugar, e medíocre score de 27,29%. E aí, o que temos a dizer?

Os critérios de avaliação do ranking foram produtividade em relação à energia, emissão de carbono, água, resíduo, diversidade, impostos, proporção de salário do CEO e do trabalhador médio, segurança, capacidade de inovação e turnover. São temas que estão presentes em qualquer ranking de sustentabilidade. São temas presentes nos relatórios de GRI e mesmo assim, por mais que se fale, o que vemos é uma realidade muito distante do discurso.

E eu pergunto: no que o reporte da GRI está melhorando a gestão da sustentabilidade corporativa? Ou ele é apenas um amontoado de papel distribuído anualmente aos stakeholders que exalta as qualidades das empresas e joga para debaixo do tapete os problemas? Quais são os reais critérios para a inclusão de alguma instituição no ISE, no DJSI ou qualquer outro índice de bolsa de valores?

Já fiz essa pergunta diversas vezes no blog, mas pergunto mais uma vez aqui: o que as empresas realmente têm de fazer para serem consideradas sustentáveis? Não nesse padrão que vemos por aí, frouxo, mas em um padrão que permita as empresas pensarem estrategicamente em um prazo que vá além de cinco anos. A saber, a centésima empresa do ranking foi a Reliance Industries ltd., da Índia, com o cretino score de 8.06%.


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