Iria escrever um post com base no burburinho da proibição das sacolas plásticas, mas acabei de receber um email com a lista das 100 empresas mais sustentáveis do mundo. Ó, vamos comemorar, a Natura ficou em segundo! Comemorar? Que tal fazermos uma análise mais criteriosa desse ranking?
A primeira colocada, a Novo
Nordisk, teve um score de 74.37%. Em qualquer outra situação esse é um score
aceitável. Mas não para a primeira colocada. A Natura, segunda colocada, teve
um score de 67.09%. Se fosse um aluno na universidade, sequer teria passado.
Imagina ficar em segundo lugar com uma nota dessas.
Depois da Natura, a empresa
brasileira melhor posicionada foi o Bradesco, na 61ª colocação e o mísero score
de 32,91%. Façamos uma análise bem crítica não do Bradesco, mas deste ranking
ou, quem sabe, do Dow Jones Sustainability
Index. O Bradesco faz parte do DJSI, assim como o Itaú. Sendo que o Itaú é
o líder mundial de serviços financeiros. Aí eu pergunto: qual dos dois
critérios foi incoerente? Porque o Itaú não aparece no top 100. Quem realmente
é mais sustentável?
A terceira e última empresa
brasileira da lista é a Petrobras, em 81º lugar, e medíocre score de 27,29%. E
aí, o que temos a dizer?
Os critérios de avaliação do
ranking foram produtividade em relação à energia, emissão de carbono, água,
resíduo, diversidade, impostos, proporção de salário do CEO e do trabalhador
médio, segurança, capacidade de inovação e turnover.
São temas que estão presentes em qualquer ranking de sustentabilidade. São
temas presentes nos relatórios de GRI e mesmo assim, por mais que se fale, o
que vemos é uma realidade muito distante do discurso.
E eu pergunto: no que o reporte
da GRI está melhorando a gestão da sustentabilidade corporativa? Ou ele é
apenas um amontoado de papel distribuído anualmente aos stakeholders que exalta as qualidades das empresas e joga para
debaixo do tapete os problemas? Quais são os reais critérios para a inclusão de
alguma instituição no ISE, no DJSI ou qualquer outro índice de bolsa de valores?
Já fiz essa pergunta diversas
vezes no blog, mas pergunto mais uma vez aqui: o que as empresas realmente têm
de fazer para serem consideradas sustentáveis? Não nesse padrão que vemos por
aí, frouxo, mas em um padrão que permita as empresas pensarem estrategicamente em
um prazo que vá além de cinco anos. A saber, a centésima empresa do ranking foi
a Reliance Industries ltd., da Índia, com o cretino score de 8.06%.
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