Quer dizer, analisando mais
friamente, cortes aconteceram em todas as áreas. Estratégicas ou não, core ou
de suporte. E os cortes de sustentabilidade foram mais sentidos por aqueles que
faziam não sustentabilidade de verdade, mas responsabilidade social/ambiental. Isso
é fato e já foi amplamente discutido por muitas pessoas.
Acontece que o impacto dessa
crise e o seu prolongamento tem feito com que o foco da sustentabilidade
enquanto política externa simplesmente mude. É claro que falar de
sustentabilidade é buscar um equilíbrio nos aspectos sociais, ambientais e
financeiros. Mas é inegável que, pelo menos, nos últimos 10 anos o mundo se
voltou, fundamentalmente, à discussão de problemas ambientais, principalmente do aquecimento
global.
Segundo o Global Risks 2012, em
pesquisa com 469 especialistas e líderes setoriais, para este ano os principais
fatores de risco são: desequilíbrios fiscais crônicos, emissão de gases do
efeito estufa, crescimento populacional insustentável, falha crítica de
sistemas tecnológicos e falha na forma como sociedade, governo, instituições
(públicas e privadas) e sociedade administram assuntos de interesse comum.
Se continuarmos analisando
friamente, veremos que são três problemas que misturam ordem social e
econômica, um problema de ordem tecnológica e um de ordem ambiental. Comparando
com anos anteriores, é uma mudança significativa, principalmente porque as
questões sociais proporcionam uma percepção de impacto em tempo bem menor que as questões ambientais.
Num olhar raso, esses riscos dizem
muito mais respeito a problemas de políticas governamentais, do que
empresariais. Ok, mas olhemos agora mais profundamente. Historicamente, crises
financeiras levam países a ações de protecionismo, a luta pelo emprego leva populações a nacionalismos extremos e o caos leva governos a tomarem medidas
populistas na tentativa de conter o problema.
E o que populismo, protecionismo
e nacionalismo, juntos, ocasionam? A falência de todos os
benefícios propagados pelos defensores da globalização. Quando até a população
americana se rebela com os absurdos expostos pela crise, acreditem em mim, é
porque o caso está grave. E aí pergunto: qual o papel e a responsabilidade das
empresas em um mundo onde jovens não têm emprego, onde a disparidade entre ricos
e pobres é cada vez maior e o futuro não é nada otimista? Que ações de
sustentabilidade corporativa podem minimizar o problema?
E não se
esqueçam: curso de introdução à sustentabilidade corporativa no Rio de Janeiro
dias 04 e 11 de fevereiro. Mais informações: http://migre.me/7wrGT.