Há muito venho pensando em escrever sobre isso, mas lendo a coluna do Renato Maurício Prado ontem, tive a motivação que faltava:
“Vale a pena vender jovens como Maicon, Allan e Wellington Silva (além dos laterais gêmeos, do Manchester United) e contratar veteranos como Deco, Beletti, Emerson, Souza, Araújo etc?”
Todos sabem que gestão esportiva no Brasil é praticamente piada. E quando o assunto entra no futebol, mais ainda. Não vou escrever sobre gestão de clubes esportivos, pois isso já falei no white paper “Esporte e Sustentabilidade – uma perspectiva para o Brasil além da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos”. Meu objetivo aqui é tentar falar da visão dos departamentos de futebol no Brasil.
Esse exemplo do Fluminense é um dentre milhões de absurdos que acontecem diariamente no nosso futebol, fazendo com que, em longo prazo, a sua gestão seja insustentável e caríssima. Neste caso específico ele vendeu joias a serem lapidadas e injetou no clube, a peso de ouro, jogadores consagrados, mas com vida útil relativamente pequena.
Com essa tática, o Fluminense foi campeão brasileiro depois de, sei lá, quantos anos. Acalmou uma torcida que há muito cobrava o título máximo do futebol brasileiro e deixou o patrocinador nas nuves. Não que com o meu time (Flamengo) e outros a história seja diferente. Aliás, contrariando a premissa que sempre permeou o clube – craque o Flamengo faz em casa – me digam quantos jogadores formados na base foram campeões em 2009?
Sei que quando se fala na instituição futebol, a pressão por resultados em curto prazo é absurda, sem contar que é um setor movido à base da emoção. Quem são os presidentes de clube se não, primeiramente, torcedores apaixonados? É claro que em uma empresa a visão de curto prazo é bastante parecida, mas é mais fácil entender que sem pensar nas gerações futuras, o risco de fechar as portas é grande.
Tenho um exemplo no esporte que já entendia na época e, hoje, falando de sustentabilidade faz ainda mais sentido. Quando eu jogava basquete nas categorias de base e acompanhava o esporte com mais afinco, o Botafogo colocava um misto das equipes infanto e juvenil para participar do campeonato estadual adulto masculino, já que o clube não investia em esporte olímpico profissional.
No primeiro ano o Botafogo foi o saco de pancadas. Mesmo perdendo de muito, as derrotas e o volume de jogo davam experiência para os atletas em suas respectivas categorias. Que eu me lembre, o time nunca foi campeão estadual. Mas depois de alguns anos, tornou-se competitivo, mesmo botando em quadra jogadores 10, 15 anos mais novos que os das demais equipes. E poderia ter aproveitado muito mais e ido muito mais longe se tivesse boa gestão do clube no geral, mas isso é outro caso.
Trazendo o exemplo para o futebol, é claro que a realidade é completamente diferente, principalmente por conta do dinheiro que circula nesse mundo e do assédio de empresários e clubes do exterior. É claro que patrocinador quer associar sua imagem a um time vencedor, independente de onde vieram os atletas que fazem parte da equipe. Sem contar, ainda, as próprias características de gestão do futebol que são bem diferentes das outras modalidades.
Mas independente das especificidades de cada esporte e, mesmo sendo uma realidade um tanto quanto diferente do mundo empresarial, não é preciso pensar muito para chegar à conclusão que vender jogadores de alto potencial aos 18 anos e contratar atletas acima dos 30 não é nenhum pouco sustentável, mesmo que em curto prazo apresente bons resultados.
E quem quiser receber uma cópia do white paper "Esporte & Sustentabilidade - uma perspectiva para o Brasil além da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos", basta assinar a newsletter da Agência de Sustentabilidade e enviar um email solicitando uma cópia do material.
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