Em outubro do ano passado escrevi, ainda que brevemente, sobre o ROI na sustentabilidade e a dificuldade de se medir valores intangíveis. Voltando rapidinho ao tema, ROI, sigla para Return on Investment, é uma informação financeira que as empresas têm diante de um investimento feito. É um dado basicamente quantitativo, mas importante para guiar o planejamento estratégico das áreas e da própria empresa como um todo.
Para quem encara a sustentabilidade como um processo de negócios e não um coletivo de projetos sociais e/ou ambientais, é fundamental não apenas prestar contas do dinheiro, mas prestar contas do que o uso do dinheiro significou para a empresa. Afinal, sustentabilidade não é custo, é investimento. Mas sendo o ROI importante para o sucesso de uma organização do ponto de vista da sustentabilidade, há uma etapa que deve ser cumprida antes de se pensar nele: a criação dos indicadores de desempenho.
Dentro do ambiente corporativo, os indicadores de avaliação ou desempenho servem para monitorar ações, projetos ou áreas e o resultado dessa medição vai indicar o caminho a ser seguido. A maioria dos indicadores encontrados é quantitativa, mas acontece que a sustentabilidade não é algo tão simples de ser medido. Assim, para o sucesso de um relacionamento com a comunidade, por exemplo, é mais importante saber quanto um curso de capacitação incrementou na renda familiar da região do que quantos moradores fizeram esse curso.
É claro que os indicadores quantitativos são necessários. Diria que eles são a ferramenta de análise dos primeiros resultados de sustentabilidade dentro de uma empresa. Mas diante da complexidade, da relação de causa e efeito e de um retorno não tão em curto prazo, é fundamental que numa segunda etapa os indicadores qualitativos sejam inseridos na geração de dados. E aí que vem a dificuldade: como estabelecer indicadores de qualidade que contemplem não apenas o aspecto financeiro, mas também o social, o ambiental e, dependendo do contexto, o cultural e o geográfico?
Há uma série de metodologias que funciona bem dentro do escopo de desenvolvimento sustentável, como o ecological footprint method, o dashboard of sustainability (bem completo) e o barometer of sustainability. Mas mais importante que a metodologia utilizada, que nem é tão necessária dependendo do tamanho da ação, é ter em mente o objetivo pelo qual aquilo está sendo realizado. Se os objetivos forem claros e, principalmente, honestos, não será nem um pouco difícil estabelecer indicadores qualitativos para medir a atividade. Agora, se o objetivo for greenwashing, um simples cala a boca ou algo ainda menos nobre, talvez nem os indicadores quantitativos sejam necessários.