Vocês sabiam que, segundo a ONU, até 2050 as cidades devem concentrar mais de 70% da população mundial? Vocês sabiam que a cada minuto, nos próximos 20 anos, 30 indianos deixarão as áreas rurais da Índia em busca de oportunidade nas zonas urbanas? É claro que no Brasil estamos distante desta realidade, mas guardadas as devidas proporções, o que será de uma megalópole como São Paulo, ou mesmo o Rio de Janeiro neste meio tempo se os governantes deixarem as coisas da mesma forma que estão hoje?
É com a premissa de que o século XXI é o século das cidades que a IBM criou há algum tempo uma nova plataforma de negócio, o Smart Cities, que no Brasil ganhou o nome de Cidades Mais Inteligentes. Mas o que significa, exatamente, essa proposta da empresa? Seria algo futurista, meio “De volta para o futuro” ou “Os Jetsons”? Na verdade não.
Tendo como mote a tecnologia, a IBM acredita que quando uma cidade cresce, as demandas originadas por esse crescimento não são atendidas apenas com substituição da infraestrutura existente, pois altíssimo custo e longo tempo tornam a ação inviável. Assim, ela propõe utilizar tecnologias de ponta em conjunto com a estrutura atual, capturando, analisando e integrando dados de forma a responder com inteligência às demandas dos cidadãos.
Há diversos projetos com a perspectiva de cidades mais inteligentes espalhados pelo mundo. Eles envolvem questões de transporte, segurança, saúde, risco, dentre outras áreas. Em Singapura, por exemplo, a IBM implementou o IBM’s Traffic Prediction, um programa que analisa os históricos do tráfego na região e, em conjunto com as informações em tempo real, gera previsões que alcançam 85% de precisão, permitindo que os controladores gerenciem melhor o fluxo e previnam congestionamentos.
Trazendo um pouco da plataforma de negócios para a nossa realidade, a IBM e a Prefeitura do Rio de Janeiro anunciaram no final de 2010 a inauguração de um centro de gerenciamento de informações públicas da cidade. Este centro terá como função consolidar informações de vários sistemas do município, facilitando a visualização, o monitoramento e a análise em tempo real.
O sistema desenvolvido pela IBM para funcionar no centro permite desde prevenção de enchentes à saída de torcedores no Maracanã, de controle de tráfego a acidentes de trânsito em horário de rush. E antes ainda do centro ficar pronto, a plataforma de cidades inteligentes da IBM já se fazia presente no dia-a-dia do carioca com o RioCard e o Bilhete Único.
Eu, particularmente, sou muito fã desse modelo de negócios da IBM. Só não concordo com a premissa dela de não substituir a infraestrutura atual. Rio de Janeiro e São Paulo estão à beira de um colapso em vários sentidos e o que temos hoje é muito pouco. É ridículo pensar na extensão do metrô carioca e no seu nível de saturação. O trânsito é ruim a qualquer hora do dia e quem mora na zona oeste, principalmente, e depende de transporte público sofre constantemente.
Sem contar com o agravante de que, enquanto governos municipais, estaduais e federais pouco investiram em infraestrutura, tivemos um presidente que deu todos os benefícios possíveis para a indústria automobilística, estimulando a sociedade a comprar automóveis e piorando, ainda mais, o que já era muito ruim.