Há pouco mais de seis meses escrevi no blog sobre a logística reversa, explicando o seu conceito e, principalmente, a sua importância no mundo atual. Hoje vou me aprofundar um pouco mais no tema, trazer números, processos, a diferença (não apenas no trajeto) entre os dois tipos de logística, etc.
Créditos: Dr. Surenda Gupta, diretor do laboratório de manufatura responsável, Northeastern University
No texto anterior expliquei a importância da logística reversa para um problema que vem tirando o sono do setor público: lixo. Mas não é apenas porque a população vem crescendo exponencialmente, ou por causa do intenso fluxo migratório para as cidades. A chamada obsolescência programada, onde descartamos produtos que ainda estão em perfeitas condições de uso, é um dos agentes que fazem com que a logística reversa seja tão necessária.
A logística reversa é dividida em três fases: planejamento estratégico, tático e operacional. No planejamento estratégico, que contempla ações de longo prazo, é onde se pensa na cadeia completa como um todo. Nesta fase, as questões cruciais são: seleção de produtos usados, avaliação de centro de coletas de materiais, instalações onde esses materiais serão separados, otimização do transporte, estratégias de marketing, instalações de produção, avaliação de compradores de mercadoria de segunda mão.
Nesta fase, uma série de premissas que não são contemplados na logística comum deve ser levada em consideração. Por exemplo, quando falamos de centros de coleta, quais critérios devem ser seguidos? Sabendo que o sucesso deste processo depende fundamentalmente da sociedade, e que ela tem interesses que, muitas vezes, entram em conflito com os interesses da empresa, o desafio é equilibrar a preocupação com o lucro (empresas) e a conveniência (sociedade).
Na fase tática, que envolve planejamento de médio prazo, as questões cruciais são definição de fornecedores, parceiros, clientes e a sobreposição entre os planejamentos estratégico e operacional. Já no planejamento operacional, a questão crucial é a recuperação de produtos ou materiais. Aqui as decisões a serem tomadas têm a ver com o que vai ser reaproveitado e contempla três processos: reciclagem, remanufatura e separação. Sendo que a separação é o processo mais complexo, pois envolve decisões do tipo como separar, o que separar, quanto separar, planejamento de separação, sistemas de separação etc.
Como vocês podem perceber, logística reversa é um novo e amplo mercado a ser explorado. Para se ter uma ideia, em 1998, estimou-se que nos EUA ela já era responsável por 0.5% do PIB, o que significa em números de hoje mais de 70 bilhões de dólares por ano. Um número bastante expressivo e um grande mercado a ser explorado. Aqui no Brasil ainda não há números nem tamanho do mercado, mas como é um movimento que cedo ou tarde as empresas terão de se preocupar, quem chegar primeiro leva vantagem.