sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O início da volta por cima do Wal-Mart

Há não muito tempo, coisa de dois, três anos atrás, a imagem que se tinha do Wal-Mart em todo mundo era a de uma empresa símbolo de tudo que há de ruim no capitalismo. Uma rede que destrói o comércio local, que é conivente com a exploração da mão de obra semiescrava em países asiáticos, que impõe negociação danosa aos fornecedores, muitas vezes levando-os à falência, e por aí vai.

Do ponto de vista interno, a empresa sempre foi acusada de pagar salários abaixo do mercado, de discriminar mulheres e minorias, de não oferecer benefícios como plano de saúde e não permitir que seus funcionários se sindicalizassem. Além disso, lembro bem do início de sua desastrosa operação no Brasil, onde ficou claro o desleixo com a nossa cultura e nossos hábitos de consumo, pondo à venda, por exemplo, sacolas com tacos de golfe.

Hoje não saberia dizer se a imagem do Wal-Mart está melhor na percepção das pessoas, mas digo com toda segurança que está diferente. É claro que não acho que a empresa ficou boazinha do dia para o outro, ainda mais quando um dos valores corporativos é a obsessão por preços baixos. Porque em um modelo de operação como esse, acredite, alguém paga a conta. E não é quem está no topo da pirâmide.

Ao mesmo tempo em que o Wal-Mart ainda convive com esse lado não muito legal de uma administração com foco extremo em custos baixos, seria burrice fechar os olhos para a sua transformação nos últimos dois anos. E é justamente essa mentalidade da empresa que prova para os mais céticos de que sustentabilidade é, sim, investimento e uma forma de se reduzir custos.

Aqui no Brasil o Wal-Mart já é visto como referência em sustentabilidade no varejo. Um dos seus programas mais interessante é o “Sustentabilidade de Ponta a Ponta”, onde a rede propõe a seus grandes fornecedores o desafio de avaliar o próprio negócio em busca de oportunidades de sustentabilidade. Foram mapeados os processos de fabricação de 10 produtos que tiveram seus diferenciais sustentáveis mensurados e avaliados, onde ficou comprovado que atividade industrial e consumo não são incompatíveis com o meio ambiente.

A questão é que ainda falta muito para o Wal-Mart atingir um alto nível de sustentabilidade. É impensável falar disso enquanto a empresa não resolver, principalmente, as questões com seus funcionários. Mas, tendo em vista o que era antes, seria extremamente injusto não reconhecer que os primeiros passos foram dados. E foram dados da forma que tem de ser; sem assistencialismo ou filantropia, mas com a sustentabilidade inserida no cerne de seu negócio.

E para deixar mais claro o que eu quero dizer, deixo vocês com um dos vídeos sobre sustentabilidade mais legais e divertidos que eu já vi: o The Lettuce Guy.




1 comentários:

Julianna Antunes disse...

O início da volta por cima do Wal-Mart foi escrito e postado no dia 08/10/2010.