Desde que resolvi seguir uma nova linha no blog, abordando cases de sustentabilidade, venho falando de projetos que, apesar de serem estratégicos, não necessariamente credenciam as empresas como sustentáveis. Fiz isso porque é extremamente difícil encontrar empresas que contemplem o assunto de forma integrada aos processos de negócio. Na maioria das vezes o projeto nasce por demanda de uma área e está quase sempre atrelado ao produto final, não à companhia como um todo.
O case de hoje é, talvez, com base nas informações que possuo, o mais próximo do ideal de sustentabilidade corporativa que imagino e que gostaria de ver incorporado nas empresas. Accenture em serviços e Basf na indústria são as duas empresas que mais me inspiram em sustentabilidade. Gostaria, até, se algum gestor da área da Basf ler isso, de saber qual foi a consultoria que ajudou a implementar o conceito globalmente. Desconfio de qual seja.
Enfim, entrando no case, desde 2000 a empresa passou a lidar com a sustentabilidade no âmbito da cadeia de negócios. Em 2004 criou seu comitê de sustentabilidade e a partir daí vem desenvolvendo uma série de ações que impactam todas as áreas da empresa. A Basf é a única empresa do setor químico no Brasil a utilizar a matriz de sustentabilidade, uma ferramenta de gestão que analisa a inserção do conceito nos processos e estratégias das empresas.
Um dos pontos mais importantes é que a empresa há alguns anos vem desenvolvendo a competência de seus colaboradores para a sustentabilidade. Além disso, a Basf capacita profissionais para atuarem como líderes sustentáveis, independente da área em que trabalham. Vale dizer que desde o ano passado essa capacitação faz parte da formação de líderes da companhia.
Outro ponto que vai de encontro ao que eu acredito como ideal de sustentabilidade, e que para alguns críticos é um ponto negativo, é o fato das ações serem descentralizadas. Desde o meu primeiro post, falo que para ser sustentabilidade, o conceito tem de estar inserido nas áreas. Dependendo da maturidade da empresa, pode ou não ser necessário pessoas responsáveis pela centralização das iniciativas ou uma área específica que trate disso. Mas a verdade é que se a empresa que já tem a sustentabilidade em seu DNA, isso é secundário.
Apesar do conceito de sustentabilidade da Basf ser adaptado à realidade da companhia no Brasil, a iniciativa é global e segue um padrão no mundo inteiro. Essa postura, completamente progressista, na minha visão, coloca a empresa um pouco à frente da Accenture, que tem uma atuação muito parecida, mas em nível local. Atuar globalmente permite uma maior profundidade na tomada de decisão e um olhar ainda mais estratégico para a sustentabilidade.
Além de uma atuação sustentável voltada para processos, pessoas e estratégia, a Basf também investe em inovação. Em 2008, inclusive, um de seus produtos foi reconhecido como uma das principais inovações do Brasil nos últimos anos. O Ecobras é um plástico biodegradável feito à base de amido de milho que é utilizado em embalagens e sacolas plásticas. Não sei em qual escala esse material já é comercializado, mas imagine a possibilidade em curto/médio prazo do meio ambiente se ver livre de cerca de um trilhão de sacolas por ano?